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Revolta – Implantação de escola militar em Cajazeiras excluirá de colégio 70% dos estudantes locais



 Os atos de truculência do governo Rui Costa contra a educação pública não param. Além disso, também não se restringem as universidades estaduais da Bahia. Dessa vez a revolta parte de professores e estudantes do Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, localizado em Cajazeiras, bairro da periferia de Salvador. Segundo uma proposta do governo, cerca de 70% dos estudantes que atualmente estão matriculados naquela instituição de ensino serão obrigados a ir para outras escolas.

Em 09 de agosto deste ano, o governador Rui Costa informou a intenção de instalar o 14º Colégio da Polícia Militar (CPM) no estado. Esse será o quinto em Salvador, os demais estão em várias localidades do interior. A divulgação foi durante uma solenidade na Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo). Porém, o que ninguém tinha o conhecimento naquele momento é que o local escolhido para a implantação da CPM seria o Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, que está em pleno funcionamento e atendendo a comunidade local.
 
Segundo o professor Marivaldo da Silva Cerqueira que trabalha no Colégio Dona Leonor, professores e estudantes da instituição de ensino estão revoltados com a questão. “O problema é que entregarão uma escola da comunidade à Polícia Militar. O projeto irá gerar exclusão dos estudantes de Cajazeiras, pois 70% das vagas serão destinadas a filhos de policiais, os outros 30% irão para sorteio entre Salvador e região metropolitana. Os estudantes e professores que atualmente estão na unidade ficarão sem se enquadrarem ao regime”, explica o docente. Todo o excedente gerado terá que obrigatoriamente ser transferido para outras escolas, o que causará transtorno e até prejuízo financeiro com o deslocamento para locais mais distantes.
 
De acordo com fontes da comunidade do Colégio Dona Leonor, as discussões realizadas na escola demonstram que a grande maioria de docentes e estudantes são contrários ao CPM no lugar do colégio atual. Porém, mesmo diante do posicionamento da comunidade local, o secretário da educação Walter Pinheiro, por meio da Portaria Nº 7201, deste início de outubro, instituiu em grupo de trabalho encarregado de coordenar e acompanhar o processo de implementação do CPM em Cajazeiras. A comissão terá um prazo de 30 dias para apresentar a Pinheiro um relatório técnico sobre o estudo das medidas necessárias para a implementação do CPM.
 
Ainda de acordo com o professor Marivaldo Cerqueira, a comunidade local está mobilizada e tenta resistir. “Buscamos apoios contra um projeto que é de Bolsonaro, militarização das escolas públicas. O que nos chama atenção é que o governo do PT da Bahia aplica a mesma agenda de governos do PSDB, a exemplo do Paraná. Eles precarizam e depois entregam para a PM”, afirmou Cerqueira.
 
A diretoria da ADUNEB manifesta solidariedade a estudantes e professores do Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, que injustamente correm sério risco de serem prejudicados pela truculência do governo Rui Costa. Para a diretora do sindicato, Caroline Lima, além da questão de expulsar 70% dos estudantes da escola, o projeto do governo aplica um processo de militarização da educação e elitização da escola, algo que deve ser amplamente combatido. A coordenação estadual da CSP-Conlutas, em reunião no último sábado (30), em Alagoinhas, aprovou uma moção de repúdio ao problema, que em breve terá ampla divulgação.