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Congresso do ANDES-SN – ADUNEB contribui com a luta e manifesta preocupação com caminhos futuros



 Após cinco exaustivos dias de trabalho, em três turnos diários, nos primeiros minutos do sábado (02), foi concluído o 42º Congresso Nacional do ANDES-SN, o maior e mais importante espaço de deliberações do Sindicato Nacional. A ADUNEB participou ativamente dos debates, com uma delegação composta por onze docentes, entre delegadas/os e observadoras/es. O Congresso teve como tema “Reverter as contrarreformas, em defesa da educação, dos serviços públicos, das liberdades democráticas e direitos sociais”; e aconteceu na Universidade Federal do Ceará. O evento foi prestigiado por 632 professoras/es. Embora elogie a organização e reconheça a importância da atividade, para a ADUNEB, ao término dos trabalhos ficou novamente o questionamento sobre os caminhos que são trilhados pelo ANDES-SN e que podem impactar as próximas jornadas de luta, sobretudo no setor das instituições estaduais de ensino e nas que possuem multicampia.

Para as representações da ADUNEB presentes na atividade, um problema histórico dos congressos do Sindicato Nacional voltou a acontecer: a falta de espaço, com pouco aprofundamento das discussões e de encaminhamentos sobre a pauta das universidades estaduais, setor em que a UNEB está inserida. Quanto ao âmbito nacional, nota-se nas plenárias a ocorrência de ritos democráticos, mas que na prática muitas vezes não são traduzidos em oportunidades e espaços iguais para a manifestação de posições divergentes a da diretoria nacional e sua corrente política majoritária.

Segundo a Coordenação da ADUNEB, na atual conjuntura a extrema-direita segue articulada no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas dos estados e nas ruas, disputando as pautas educacionais e tentando impor o obscurantismo. Assim, a direção do ANDES-SN precisaria mostrar mais disposição, também nos Estados, no apoio à luta pela garantia da democracia e dos direitos trabalhistas já adquiridos e que são conquistas históricas da classe trabalhadora. 

O Coordenador Geral da ADUNEB, Clóvis Piáu, comentou sobre a necessidade de maior espaço de debate para os problemas que assolam as instituições de ensino superior estaduais. “O 42º Congresso foi um importante momento de formação e de marcar a nossa posição política enquanto seção sindical. Porém, precisamos garantir um debate que inclua as nossas pautas enquanto universidades estaduais, municipais e distritais. Ainda somos reféns de uma metodologia que nos adoece e nos deixa exaustos. Constatamos, apesar da grande participação, o esvaziamento das plenárias e os constantes atrasos até chegar ao quórum para o início dos trabalhos”, afirmou o professor.
 
                                                                                                                                                                        Foto: Ascom ANDES-SN
Plenária final do Congresso
 
Silenciamento e desmobilização da multicampia

A supressão do debate sobre a possibilidade de utilização das novas tecnologias remotas, nas atividades do ANDES-SN, foi um dos exemplos que evidenciou a pouca importância do Congresso à realidade das universidades estaduais e, em especial, as que são multicampi como a UNEB, com 31 Departamentos em 26 municípios.

Coordenador da pasta de Comunicação da ADUNEB, João Borges relatou que a metodologia utilizada nos debates não contempla a democracia e a diversidade necessária para uma equilibrada discussão sobre os temas. O professor explica que o Texto de Resolução (TR) 75, por exemplo, que versava sobre o uso de novas tecnologias para atividades híbridas, teve 12 falas. Dessas, apenas três foram de posicionamentos contrários à direção do ANDES-SN.  “As vozes que iriam relatar as dificuldades da realização de assembleia presencial em uma universidade multicampi, como é o caso da UNEB, não foram ouvidas. Não existe o equilíbrio de oportunidades entre grupos com propostas diferentes, pois as falas são definidas por sorteio”, lamentou Borges.

Para a Coordenação da ADUNEB, diante de um cenário político nacional ainda desafiador, a intensificação da mobilização da categoria docente é essencial. Porém, a distância entre os campi, o alto valor das passagens e a dificuldade de logística são entraves da realidade concreta. Assim, a organização de atividades híbridas, a exemplo de reuniões nacionais dos setores, dos grupos de trabalho e das assembleias, é uma estratégia necessária e urgente na realidade diversa da multicampia. As citadas atividades híbridas seriam legitimadas anteriormente por consultas à base. Não reconhecer a necessidade de alinhar a luta à contemporaneidade, de renovar estratégias que possibilitem novas alternativas para aumentar a mobilização é permanecer estagnado no tempo e na história sindical. 

Encaminhamentos Iees/Imes/Ides

Apesar do pouco espaço para o debate das instituições de ensino superior estaduais, municipais e distritais, alguns dos encaminhamentos foram:
- Continuidade da pesquisa sobre financiamento das Iees/Imes até o próximo Congresso, com o objetivo de fortalecer e intensificar a luta do setor;
- Construção de um protocolo de acolhimento, prevenção e combate aos assédios moral e sexual e de diversas formas de violências; 
- Ampliação da luta nos estados pela revogação das leis estaduais que versem sobre a Lista Tríplice, na escolha de reitoras e reitores; 
- Organização do XX Encontro Nacional do Setor das Iees/Imes/Ides, a ser realizado no segundo semestre deste ano.
 
                                                                                                                                                                 Foto: Ascom ANDES-SN
Debate sobre o setor das IEES / IMES / IDES
 
Realidades distintas

Militante do Movimento Docente da UNEB e pela terceira vez em um Congresso do ANDES-SN, a professora Maira Porto Fé de Melo, do Campus de Alagoinhas, ressaltou a importância da atividade. Para ela, foi um momento importante de discussões de temas próprios da carreira docente e de outros de interesse geral e dos movimentos sociais, tanto a nível nacional quanto mundial. Porém, percebeu o evento como um espaço mais favorável ao debate das pautas das universidades federais. Segundo a professora, debates essenciais como deslocamento docente e a realização de atividades sindicais na multicampia, com a participação de um número maior de pessoas, não são levados em consideração no Congresso. “O grupo dominante muitas vezes parece não perceber a realidade distinta dos grupos que estão dentro, compondo o ANDES”, lamentou Maira de Melo.

Experiência intensa e exaustiva

Pela primeira vez em um Congresso do Sindicato Nacional, a docente Elaine Pires, do Departamento de Ciências Humanas - Campus de Salvador, considerou a experiência intensa e de grande aprendizado. Ela elogiou a diversidade de temas abordados, como os aspectos da conjuntura política, econômica, ambiental, social e relacionados à carreira docente. Também ressaltou a oportunidade de formação política a partir da participação nos grupos de trabalho e diálogos com militantes mais experientes no Movimento. Para a professora Elaine, um dos pontos que precisa ser repensados é a metodologia de trabalho. Embora exista diversidade, ela reclamou da exaustão a que as/os docentes são submetidos. “Ficamos exaustos. Chega no final do Congresso e a gente não consegue produzir muito como no início”, afirmou.

Avanço na luta em defesa da educação

Para a Coordenação da ADUNEB, um importante avanço no Congresso foi a aprovação da participação do ANDES-SN na Conferência Nacional de Educação (CONAE), em 2025. O evento é promovido pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Fórum Nacional de Educação (FNE), sendo precedido por conferências estaduais, municipais e distritais. Neste ano, a atividade aconteceu de 28 a 30 de janeiro, em Brasília. Reuniu 89 entidades e cerca de 3 mil trabalhadoras/es, com a participação também de representações dos movimentos sociais e da sociedade civil. A participação do ANDES-SN na CONAE é uma reivindicação antiga de parcela do Movimento Docente.

Unidade

Embora existam divergências, algo democrático em espaços públicos de deliberações políticas coletivas, em vários momentos o Movimento Docente demonstrou unidade na luta. Uma dessas ocasiões foi o Ato em Solidariedade à Palestina, que reivindicou o fim do genocídio cometido pelo exército de Israel, e ainda, a autodeterminação do povo palestino, o cessar-fogo imediato, o desbloqueio de Gaza e a ruptura das relações diplomáticas com Israel. Leia aqui a nota da ADUNEB.

Outro episódio de grande unidade foi a defesa da companheira Jacyara Paiva, militante do Movimento Docente e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ela estava ameaçada injustamente de exoneração. Leia (aqui) e (aqui) as notas da ADUNEB sobre o caso.
                                                                                                                                                                         Foto: Ascom ANDES-SN
Ato em solidariedade à Palestina
 
* Com informações ANDES-SN