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ADUNEB discute os desafios do movimento docente



Quais aspectos sócio políticos, geográficos e econômicos têm impactado a sociedade e, consequentemente, o movimento docente? Qual o papel dos sindicatos na luta pelos direitos dos trabalhadores? Como fortalecer a luta sindical? Essas e outras questões foram abordadas pela professora Celi Taffarel (UFBA) e pelo professor Jailton Lira (ADUFAL) no seminário político da ADUNEB, realizado neste sábado (03). O encontro, que teve mediação de Clóvis Piáu, Coordenador Geral da seção sindical, propôs discutir com sua base sobre os desafios atuais do movimento docente na luta por salário, carreira e condições de trabalho. A atividade marcou o início dos trabalhos da seção sindical neste ano de 2024 e contou com a participação de docentes da UNEB, da UFAL, da UFES e da UFBA. 

Jailton Lira abordou, inicialmente, um panorama geopolítico mundial trazendo à cena guerras, o aumento da rigidez das fronteiras, as consequências nefastas da pandemia da COVID-19 e pontuando a forma como isso tem impactado na precarização do trabalho. “O que temos observado é o crescimento da uberização do trabalho, o estacionamento das relações entre trabalhador e organizações sindicais, e os sindicatos que, nesse contexto, não estão conseguindo dar conta da quantidade de tipos de trabalho que estão surgindo o que dificulta a organização dos trabalhadores na luta para garantir direitos mínimos”, explicou o professor. A atuação da direita extremista, da grande mídia e do setor empresarial que apoia golpistas e que, pós-golpe contra Dilma Rousseff, viabilizou a aprovação de perdas significativas com a Reforma Trabalhista e a Nova Reforma da Previdência, por exemplo. 

Nesse contexto, Jailton reafirmou o papel dos sindicatos na defesa dos direitos; na organização da classe trabalhadora e na defesa também daqueles que estão organizados precariamente ou que não estão organizados. “Neste trabalho ainda temos que disputar mentes e corações com outros órgãos e entidades que disputam as concepções de mundo, como a grande mídia, as igrejas, as redes sociais”, completou o professor. Lira fez especial destaque em sua fala quanto à criminalização do magistério que diversas instância da estrutura social e econômica vem engendrando. Pontuou os desafios para o movimento docente do ensino superior, uma vez que nesse processo, a universidade e seus docentes vêm sendo vistos com suspeição por grande parcela da sociedade. 

O professor listou algumas pautas importantes para que os sindicatos mobilizem e agreguem pessoas no coletivo de resistência. Entre elas estão carreira, salário, condições de trabalho, aposentados, um tratamento cuidadoso nas questões relacionadas à diversidade, a defesa do espaço público das universidades públicas e a defesa da democracia. 
 

 
Resistir, persistir, não desistir!

Corroborando com as ideias propostas por Jailton, a professora Celi Taffarel em sua explanação, reafirmou a necessidade de ações concretas para atingir as mudanças e conquistas necessárias. A professora trouxe elementos sobre a fragilidade da democracia atual e contextualizou questões da política internacional e nacional que corroboram para essa fragilidade, como a atual bancada da barbárie, a militarização do Estado da política e das escolas e a financeirização da economia. “Precisamos ir a fundo nessas questões! Toda vez que cai a taxa de lucro dos capitalistas, por exemplo, aumenta a exploração do trabalho, há compressão dos salários”, explicou a professora. 

Celi fez um panorama sócio-político-econômico trazendo à reflexão teóricos importantes como Trotsky, Rosa de Luxemburgo, Lenin, entre outros. Pontuou também o que pautou as lutas pela educação nos últimos 15 anos, ressaltando que "o que vamos enfrentar no próximo período é o aprofundamento da Constitucionalização da Barbárie caso a classe trabalhadora organizada não entre em ação!". 

A capacidade de enxergar e lidar com as diferenças dentro da própria categoria visando a um objetivo comum também foi uma das discussões propostas por Celi e também abordadas na fala de Jailton. Lira Ressaltou a necessidade dos sindicatos somarem os diferentes à luta, entendendo potencialidades e ampliando sua força, seu alcance e sua mobilização. Além disso, destacou também que a solidariedade de classes, mais do que nunca, se faz necessária. Celi Taffarel enfatizou que cabe a Classe Trabalhadora organizada, e desorganizada, com suas contradições,  em seus locais de trabalho, em seus organismos de luta, organizar suas reivindicações e, com base nelas, mobilizar e disputar os rumos da política econômica, os rumos de governos, o Rumo do Estado”. Finalizou dizendo ainda que a luta de classes possui diversas formas: econômica, ideológica, política e cultural. “Cabe a Classe Trabalhadora, ser intransigente, não conciliar, não se deixar cooptar, não se deixar destruir, e sim, resistir, persistir, não desistir”. 

O seminário político da ADUNEB contou ainda com um espaço para debates entre os participantes que partilharam ideias e reflexões acerca do fazer sindical e suas diversas instâncias de mobilização, participação e resistência, como estratégias de comunicação, relações políticas, relações intersindicais, entre outros. A professora Lillian Marinho, do DCV I - UNEB, abordou em sua intervenção a necessidade de seguir em frente, resistindo e pensando e executando estratégias que façam frente aos Governos, para que os mesmos ouçam e atendam a demanda da categoria. A professora enfatizou ainda que “precisamos honrar quem nos precedeu na luta”. Para João José Borges, coordenador da pasta de Comunicação, o evento sinaliza para a unificação do movimento docente estadual e federal, colocando em pauta temas comuns e problematizando contextos diferentes de luta.