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Júlio Lancellotti é alvo de CPI das ONGS



A proposta de instalação da CPI das ONGS que atuam na chamada Cracolândia,no Centro de São Paulo, de autoria do vereador Rubinho Nunes (União), protocolada em 6 de dezembro vem gerando polêmica nos cenários político e midiático atuais. Inicialmente prevendo a investigação do dinheiro público utilizada por essas ONGS, com foco nas atuações do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e do coletivo Craco Resiste, a proposta tomou novos rumos quando seu autor, em vídeo publicado nas redes sociais no dia 7 de dezembro, proferiu ataques pessoais ao Padre Júlio Lancelotti e ao trabalho que realiza com moradores em situação de rua. 


Essa personalização no viés da investigação, cujo texto oficial prevê a realização de uma CPI para “avaliar a eficácia dos programas oferecidos pelas ONGs, determinando se elas estão alcançando os resultados desejados” e que não cita Lancelotti, gerou consequências que incluem a retirada de assinaturas de oito vereadores. 

Júlio Lancellotti afirmou em suas redes sociais que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou não governamental que possua convênio com a Prefeitura de São Paulo. Reiterou ainda que a Pastoral de Rua, projeto que coordena, é uma ação da Arquidiocese de São Paulo que não está vinculada de nenhuma forma com as atividades mencionadas como objetos de investigação da CPI. 

O recuo dos vereadores nas assinaturas é apenas simbólico, uma vez que a proposta atingiu o número de assinaturas necessário na ocasião em que foi protocolado o requerimento da CPI. Porém, mesmo sem efeito prático por hora, pois não interrompe a tramitação da pauta, a retirada das assinaturas parece apontar, segundo especialistas, para o fracasso do requerimento, uma vez que não contará mais com esses votos para uma possível aprovação no caso de chegar à votação em plenário. A Câmara Municipal de São Paulo segue, até 6 de fevereiro, em recesso parlamentar e até que os trabalhos legislativos sejam retomados nenhuma decisão poderá ser tomada em definitivo. 

Júlio Lancelotti é frequentemente alvo de críticas por parte da elite e das esferas conservadoras e antidemocráticas brasileiras. Questionando pelo psicanalista Chris Dunker sobre o porquê de tanto ódio contra ele, Lancelotti afirmou que isso faz parte do ódio ao pobre e que se fosse um padre que trabalhasse para a elite não seria tão atacado. Porém, se entende atuando como atua e estando ao lado de quem está. A ADUNEB presta sua solidariedade a Lancelotti e todas(os) aqueles que lutam contra a pobreza, a vulnerabilidade e a desigualdade que assolam o país.