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Solidariedade ao povo Pataxó pelo assassinato da liderança indígena Lucas Kariri-Sapuyá



 A ganância do Capital pela exploração econômica da terra não tem limites. A apenas três dias do Natal, pistoleiros ceifaram a vida de mais uma liderança indígena no sul da Bahia. Com extrema indignação e pesar, a Coordenação da ADUNEB manifesta solidariedade ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, que acaba de ter o cacique Lucas Kariri-Sapuyá assassinado. O crime aconteceu nesta quinta-feira (21), após uma emboscada realizada por dois pistoleiros em uma moto, na região próxima à Aldeia Caramuru Catarina Paraguaçu, no município de Itajú do Colônia. As informações são da polícia civil no município.

Cacique Lucas tinha apenas 31 anos, era da etnia Kariri-Sapuyá, mas atuava junto ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe. Sua aldeia é conhecida por acolher indígenas de distintas etnias. Segundo o Movimento Unido dos Povos e Organizações da Bahia (MUPOIBA), Lucas era Coordenador Região Sul do Movimento, agente de saúde da SESAI, mobilizador de esportes na comunidade, defensor da educação escolar indígena e Conselheiro Estadual dos direitos dos Povos indígenas do estado da Bahia (COPIBA).

Devido à luta pela terra e pela garantia dos seus direitos, os Pataxó têm sofrido sucessivos ataques, sobretudo no sul e extremo-sul da Bahia. A ADUNEB publica inúmeras notas de denúncia sobre as ameaças e crimes cometidos. Em 17 de janeiro deste ano, os jovens Samuel Divino e Nawy Brito foram mortos a tiros em um trecho da BR – 101, próximo ao povoado de Montinho, em Itabela (leia aqui). Outro caso de muita repercussão foi o assassinato do jovem Gustavo da Conceição, de apenas 14 anos, na Terra Indígena Comexatibá, no Prado, em 04 de setembro de 2022 (leia aqui).

Como consequência da morte do jovem Gustavo, em outubro de 2022, a ADUNEB realizou a Caravana Intercultural Indígena ao extremo-sul. O intuito foi mobilizar entidades que atuam em defesa dos direitos humanos e denunciar a violência contra os povos originários na região (leia aqui).

O cacique, poeta e escritor Juvenal Payayá, que recentemente foi homenageado pela UNEB, por unanimidade, com o título Honoris Causa, se manifestou sobre a tragédia. Para ele, a defesa da vida e dos direitos passa pela retomada da unidade de todos os povos indígenas. “Um líder Sapuyá acaba de tombar pelas mãos dos permanentes sanguinários vis coloniais, que, como abutres preferem a carnificina e se lambuzam do sangue alheio. Povos indígenas, a ordem é resistir irmanados! ”, afirmou Payayá.

Nesse momento de dor, a ADUNEB une-se ao povo indígena, às entidades de direitos humanos e aos movimentos que atuam em defesa dos povos originários para reivindicar celeridade nos processos de demarcação das terras indígenas. O genocídio incentivado pela bancada do agronegócio, no Congresso Nacional, e pelos empresários que exploram minérios e o turismo precisam ter um basta. Da mesma maneira, a seção sindical também exige investigação criteriosa, transparente e rápida sobre o assassinato de Lucas Kariri-Sapuyá.

Coordenação Executiva ADUNEB