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ADUNEB consternada pelo brutal assassinato da Yalorixá e liderança quilombola Mãe Bernadete



 Consternada e com profunda indignação a Coordenação Executiva da ADUNEB recebeu a notícia do brutal assassinato, na noite de quinta-feira (17), da Yalorixá Mãe Maria Bernadete Pacífico. Ela liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho. Há cerca de seis anos, seu filho Binho do Quilombo também teve a vida ceifada por assassinos. Tanto a mãe quanto o filho eram militantes pelos direitos das comunidades quilombolas e de matrizes africanas. Mãe Bernadete, como era carinhosamente conhecida, era liderança da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos – CONAQ.

Segundo relato de testemunha, dois homens armados, após invadirem o terreiro de Mãe Bernadete, a executaram na sala da residência, próximo a três netos. Embora ainda não tenha confirmação, há suspeitas que o crime tenha ocorrido por disputa de terra quilombola. Os criminosos fugiram com todos os celulares da família.

Segundo o site Brasil de Fato, há dois meses, Mãe Bernadete denunciou que grupos ligados à especulação imobiliária haviam ameaçado de morte ela e a outras lideranças quilombolas. Tais ameaças não teriam sido investigadas pelos órgãos de segurança pública.

Mulher negra e adepta de religião de matriz africana, a coordenadora da pasta de Gênero, Etnia e Diversidade da ADUNEB, Iris Verena de Oliveira manifestou solidariedade e ressaltou a importância da celeridade na titulação das terras quilombolas. “Nesse momento de tanta dor, a nossa seção sindical se solidariza com a família da Yalorixá e líder quilombola, Mãe Bernadete. A Bahia é o estado brasileiro com maior número de quilombolas do país e este crime bárbaro evidencia a urgência na titulação das terras, para garantir as condições de vida de quilombolas na Bahia."

O Coordenador Geral da ADUNEB, Clóvis Piáu, também manifestou o seu inconformismo. “Mais uma mulher que é assassinada; mais um corpo que tomba; mais uma voz preta, quilombola, combativa que é silenciada. Quantos corpos femininos serão enterrados, calados e apagados dessa maneira tão brutal? O corpo de Bernadete Pacífico cai, mudo e inerte, assim como caiu o corpo do seu filho e tantos outros corpos quilombolas que lutam para além de direitos e garantia de igualdade. Por tudo o que viveu, fez e deixa de legado, Bernadete Pacífico é, foi e continuará sendo uma voz que representa a nossa luta”.

O Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, por rede social, manifestou solidariedade a familiares, amigos e à comunidade. Afirmou ainda que determinou o imediato deslocamento de equipes do Ministério até Simões Filho. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que as polícias Militar, Civil e Técnica, após tomarem conhecimento do fato, iniciaram de imediato as diligências e a perícia no local para identificar os autores do crime. Informações que possam auxiliar nas investigações devem ser enviadas por meio do telefone 181 – Disque Denúncia. A SSP garante o total sigilo das informações.