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Começa o SIPC, simpósio internacional que debate racismo e expansão do processo civilizador



 Após muita expectativa e trabalho coletivo movido pela força da ancestralidade, a noite deste domingo (27) trouxe consigo o início do XIX Simpósio Internacional Processos Civilizadores (SIPC), realizado em Salvador. Até a próxima quarta-feira (30), o evento reúne pesquisadoras e pesquisadores para debaterem temas acerca da temática “Racismo e a expansão do processo civilizador: ontem, hoje e devires". A atividade é uma parceria entre a UNEB - Departamento de Educação - campus de Itaberaba, o IFBA - campus Valença, e a ADUNEB e conta com o apoio, dentre outros, da Fundação Norbert Elias, e do CEPAIA - Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos, que sedia o evento.

A Mesa de Abertura foi composta pelas coordenadoras gerais do Simpósio, Dina Rosário (UNEB) e Márcia Gonçalves (IFBA) e teve como convidadas e convidados Rosane Vieira (PROEX/UNEB), representando a Reitoria da UNEB, Lívia Santana (PROEX/IFBA), Florence Delmotte (Fundação Norbert Elias), Ronalda Barreto (ADUNEB), Elizeu Clementino (SERINT/UNEB), Euclides Santos (CEPAIA), Erenice Carvalho (UNEB – Itaberaba) e Ava Carneiro (IFBA – Valença).

Segundo a professora Dina Rosário, essa é a primeira vez que o SIPC acontece na Bahia, e a Fundação Norbert Elias distribuiu bolsas de auxílio para cientistas iniciantes nos estudos que partem da teoria do sociólogo alemão participarem dessa edição do evento. É também a primeira vez que o Simpósio discute racismos. Segundo Dina Rosário, o XIX SIPC conseguiu “unir pesquisadoras e pesquisadores de todas as regiões do Brasil, de quase todos os países da América Latina e de alguns países europeus para debaterem racismo e colonização, assumindo o racismo como parte integrante do processo colonizador”. Para a professora, “assumir a colonialidade presente nas nossas pesquisas e compreensões, no momento em que o fascismo continua crescendo em todo o mundo, é, por si só, é uma vitória do bem viver”. 
 
Auditório lotado - mesa de abertura foi prestigiada

A Coordenadora Geral da ADUNEB, Ronalda Barreto, ressaltou a importância do evento diante da conjuntura política. Para ela, a barbárie atual é uma regressão do processo civilizatório e se traduz, sobretudo, pela disseminação da violência, que se espalha por todo o tecido social. No Brasil, além das consequências de um genocídio planejado com a pandemia, morrem pessoas em números similares a uma guerra civil, sobretudo, as negras. A professora afirmou ainda que, na defesa de uma nação civilizada e democrática, a ADUNEB se alia a movimentos sociais e a outras entidades sindicais para combater o militarismo, o racismo, a misoginia, entre outras mazelas que afetam a nossa sociedade.

Responsável pela coordenação do CEPAIA, Euclides Santos, comentou sobre a relevância do Simpósio ser sediado por aquele Centro de Estudos, que fica localizado no Centro Histórico de Salvador. Apesar de estar no prédio há 22 anos e realizar eventos educacionais e culturais, projetos de pesquisas e cursos de pós-graduação, a entidade foi ameaçada de expulsão de sua sede (leia aqui). “Sediar um simpósio nessa magnitude é uma forma de dizermos da necessidade da permanência do CEPAIA nesse lugar; do quanto esse Centro é capaz de produzir e de agregar essas forças de pensamento de construção de uma educação decolonial, numa forma libertária de enfrentamento ao racismo e a todas as formas que tentam subjugar a existência da nossa humanidade”, afirmou.

A programação completa do XIX SIPC e demais informações podem ser acessadas aqui.