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Solidariedade ao docente da UNEB, Ari Lima, que sofre racismo na UnB



 A Coordenação da ADUNEB manifesta ampla solidariedade ao professor da UNEB do Campus de Alagoinhas, Ari Lima, que sofreu assédio moral, racismo e constrangimento em público, durante sua participação na conferência de abertura da “VI Negras Antropologias - Onda negra, medo branco”. Ocorrido no último dia 16, o evento foi realizado na Universidade de Brasília (UnB) e organizado pelo Coletivo Zora Hurston. O objetivo da atividade era justamente debater sobre questões relacionados ao racismo no mês da consciência negra.

Essa não foi a primeira vez que o professor Ari Lima sofreu racismo na UnB. O convite para participar da atividade do dia 16, feito pelo coletivo de discentes negras e negros do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UnB, ocorreu devido o docente da UNEB ter sido o protagonista do episódio que posteriormente passaria a ser conhecido nacionalmente como o “Caso Ari”. 

Segundo o professor Ari Lima, em 1998, enquanto cursava doutorado na UnB, na área de Antropologia, foi reprovado em uma disciplina obrigatória, fato que o impediria de receber o título. A nota baixa teria ocorrido sem justificativa. Após recorrer à justiça, quase dois anos depois, teve ganho de causa e a aprovação na disciplina. Ari Lima conseguiu finalizar o doutorado em 2003. O caso de racismo deu início às discussões sobre a implementação da política de cotas raciais na UnB, que se tornou a primeira universidade federal a aderir ao sistema no país. Até então, apenas as universidades estaduais UNEB e UERJ já haviam implementado a citada ação afirmativa. 

Agora, na conferência de abertura na “VI Negras Antropologias”, o segundo caso de racismo teria acontecido por meio da fala de uma docente do Departamento de Antropologia da UnB. Após o pronunciamento de Ari, ela questionou o episódio racista de 24 anos atrás, colocando em dúvida o real motivo para a tentativa de reprovação da disciplina. A docente ainda tentou descaracterizar o fato como uma ocorrência racista. 

Para a ADUNEB, a fala da docente não surge como um caso isolado. Diante da atual conjuntura de retrocessos sociais e políticos do país, tal posicionamento reproduz o pensamento de setores sociais conservadores e que estão presentes também no universo acadêmico. Episódios como esse, ocorrido dentro de uma universidade pública, local que teoricamente deveria ser fonte de democracia racial, pensamentos e ações progressistas, demonstram o tamanho do desafio que é derrotar o racismo estrutural no país.

O posicionamento da professora reflete o inconformismo dos grupos conservadores que, contrariados, constatam que os grupos historicamente oprimidos, que antes estavam na academia apenas como números em objetos de estudo, agora ocupam as salas de aula, os laboratórios, os grupos de pesquisa e assumem papéis de protagonistas na academia.

Nenhum passo atrás! 
Racistas e conservadores não passarão!