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ADUNEB responde ao governador - Mais um Gol Contra a Educação Pública na Bahia



 Nesta semana, circulou um vídeo na Internet, que mostrava uma professora vibrando e chorando de emoção porque alunas e alunos da escola pública foram aprovados em seleção para acesso à universidade pública. Na sua reação, enfatizava: “é a escola pública, amiga, só a gente sabe! ” 

Três razões podem justificar essa exclamação: (1) a escola pública que a professora menciona é a escola das trabalhadoras e dos trabalhadores, desvalorizada, descuidada, relegada, ameaçada; (2) apenas as trabalhadoras e os trabalhadores da educação sabem como é difícil lutar pela qualidade da educação pública numa sociedade em que governantes não oferecem as condições necessárias; (3) é muito doloroso ouvir discursos de ódio emitidos por autoridades que deveriam valorizar a educação pública e os educadores e educadores, mas que, ao contrário, utilizam esses discursos para construir uma imagem negativa dessas e desses profissionais frente à sociedade para justificar suas políticas de destruição dos serviços públicos.

O Brasil tem tido ministros da educação com esse tipo de postura, o que revela que, no país, crescem, além de políticas neoliberais, posições de ultradireita, fascistas, negacionistas. Derivadas desse tipo de tendência política, naturalizam-se as posturas machistas, sexistas, racistas, legbtfóbicas no território brasileiro.

Há quem diga que a natureza humana, infelizmente, é assim. No entanto, um dos papéis da educação é combater posturas retrógradas, na construção de uma sociedade democrática, igualitária e justa. 

Nessa perspectiva, causa estarrecimento quando um governador toma a própria trajetória sindical como credencial para menosprezar a luta das trabalhadoras e dos trabalhadores da educação e assume postura de patrão, ironizando a pauta salarial da categoria docente, que se justifica pela necessidade de condições dignas de sobrevivência de mães e pais de famílias.

A ADUNEB, seção sindical da categoria docente da Universidade do Estado da Bahia, afirma, categoricamente, que salário na sociedade capitalista nunca é o ideal.  Esse sindicato defende a satisfação das necessidades básicas de educadoras e educadores, o seu bem-estar e o bem-estar de suas famílias, que dependem do valor da compra da sua força de trabalho. 

Observe-se que, para uma pessoa ou instituição ser autenticamente sindicalista, antes que estudar teoria social crítica para entender a exploração do ser humano por outro. Dessa forma, fica óbvio que uma pessoa que, saindo da pobreza, renega a sua origem, está agindo como intelectual orgânico da burguesia. 

Assim, o choro emocionado da professora do vídeo é porque ela sabe o quanto é difícil lutar contra toda uma estrutura opressora, arcar com parte dos custos do seu trabalho, entre outras dificuldades, e ainda ouvir governantes insinuarem que sua classe profissional não gosta de trabalhar. Esse choro é o resultado de discursos de políticos imprudentes, que alimentam o ódio às professoras e professores e à educação pública com um “desprestígio construído”, como denomina o professor João Carlos Salles, Reitor da UFBA.

Seria coerente, na Bahia, que educadoras e educadores da escola pública, da educação básica e superior, tivessem, no mínimo, a reposição de 47% da corrosão dos seus salários. Da mesma forma, seria razoável que o governador cumprisse a lei, pagando o piso salarial do ensino básico sem relutar e sem declarações desrespeitosas. O gestor deveria refletir melhor antes de ofender e “jogar ao vento” a própria história porque, afinal, não se tratam de decisões de artilheiro em jogo de futebol. Espera-se que os governantes, assim como um verdadeiro bom artilheiro, acertem mais do que errem. Espera-se também que, tenham, no mínimo, respeito com os educadores e bom senso no seu discurso e nas suas posturas políticas. Nesse caso aqui abordado, é possível dizer que a nefasta declaração do governador constitui um gol contra as forças progressistas e toda a população baiana e brasileira.

Coordenação Executiva ADUNEB