Notícias

Aulas semipresenciais na rede pública: autoritarismo e negacionismo do Governo da Bahia



 Embora a vacinação da população tenha começado, de maneira tímida, a evidenciar a redução no índice de mortes no país, milhares de vidas ainda são ceifadas diariamente. Apesar do grave cenário, nesta terça-feira (13) o Governo da Bahia anunciou a retomada das aulas na rede pública estadual, de modo híbrido. O parâmetro estabelecido diz respeito à ocupação dos leitos hospitalares que está em 62%, ou seja, abaixo do índice de 75% informado pelo governo como necessário para retomar a alternância entre ensino presencial e por mediação tecnológica. Portanto, como o índice caiu, a medida irá contribuir para aumentar a ocupação dos leitos hospitalares. O que pretende o governo, com tal medida? Diz defender a vida dos cidadãxs baianos e cria espaço de aglomeração. Essa medida se aproxima, sem dúvida alguma, do negacionismo do governo Bolsonaro.

Para a ADUNEB, a decisão expõe ao risco de morte os docentes, estudantes, demais profissionais da educação e os seus familiares. Mais uma vez o Governo impõe medidas perversas, sem o diálogo com a categoria docente e a sociedade. A divulgação foi realizada pelo governador Rui Costa durante o Papo Correria, programa semanal realizado pelo chefe do executivo em uma rede social. Nesta quarta-feira (14), em nova declaração, o governador ainda ameaçou o corte de salário dxs profissionais que se recusarem a aceitar o trabalho nessa forma periculosa. 

O início das aulas foi agendado para 26 de julho, com salas ocupadas em 50% por grupos alternados. A divisão de grupos será por ordem alfabética. Sobre a possibilidade de antecipação da 2ª dose da vacina aos profissionais da educação, Rui Costa não deu garantias, apenas declarou que avaliará a possibilidade técnica com a Secretaria da Saúde. Vale ressaltar que a Bahia tem a presença das novas cepas do coronavírus, extremamente letais, e que sequer as duas doses da vacina garantem a imunização.

A ADUNEB repudia mais essa medida do governador Rui Costa em voltar às aulas semipresenciais e expor a vida de milhares de pessoas ao vírus da Covid-19. O fato gerará o risco de novo aumento da taxa de contágio e ocupação de leitos hospitalares. Para completar o autoritarismo que o Governador tem exposto em várias situações, ameaça os profissionais de corte de salários, com profundo desrespeito pela vida de docentes, estudantes, demais profissionais da educação e de seus familiares. O sindicato defende o retorno das aulas semipresenciais somente a partir da imunização completa de toda a comunidade acadêmica e seus familiares, bem como outras condições de biossegurança. 

Dados do DIEESE mostram que, de janeiro a abril deste ano, se comparado com o mesmo período do ano anterior, as mortes de trabalhadorxs da educação subiu 128%. Uma pesquisa recente realizada com 2,1 milhões de famílias de estudantes, dos Estados Unidos, evidenciou que alunxs em aulas presenciais tem de 30% a 47% mais chances de pegar Covid-19.

Para a ADUNEB, não há como negar pesquisas científicas e números. Os dados da pesquisa acima são oriundos dos Estados Unidos, país que o processo de vacinação está bem mais adiantado que no Brasil. Ainda tem que se levar em consideração a precária infraestrutura de boa parte das escolas públicas da Bahia e a lotação do sistema de transporte para deslocamento até as instituições de ensino. A decisão do governador, feita sem diálogo com as representações sindicais e com a sociedade, é desastrosa, mostra autoritarismo e falta de sensibilidade pela vida humana. 

Coordenação ADUNEB