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Mobilização faz Bolsonaro recuar e aulas presenciais nas Federais não retornarão em janeiro



Secretário da Saúde da Bahia aponta que estado enfrenta segunda onda da pandemia 

O Governo Federal de Jair Bolsonaro tentou, na quarta-feira (02), dar continuidade à necropolítica negacionista em curso no país. Por meio da Portaria nº 1030, o presidente quis impor o retorno das atividades acadêmicas presenciais nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e da iniciativa privada a partir de 04 de janeiro. Graças à mobilização contrária de vários setores da sociedade e dos reitores das IFES, o governo voltou atrás e anunciou a revogação da portaria.

Várias universidades federais publicaram notas em que afirmavam o não retorno às aulas. O Reitor da UFBA, João Carlos Salles, foi um dos gestores que teve posição contrária. “Nossa resolução define que o próximo trimestre será não presencial com a possibilidade de atividades presenciais contanto que não seja colocada em risco a vida de nossa comunidade", declarou o Reitor ao portal UOL.

A portaria do Governo Federal ocorreu no momento em que, segundo especialistas, já está em curso no país a segunda onda da pandemia do novo Coronavírus. Na quarta-feira (02), o secretário estadual de saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, declarou à imprensa que o estado já enfrenta a segunda onda. A análise tem como base a crescente taxa de ocupação dos leitos hospitalares, incluindo os de terapia intensiva. Também na quarta-feira, o governador Rui Costa novamente prorrogou a suspensão das aulas presenciais nas escolas da rede estadual e privada do estado. Ficam proibidos ainda eventos com mais de 200 pessoas.

A sanitarista e professora do Departamento de Ciências da Vida da UNEB, Jeane Magnavita, entende que para decretar o retorno das aulas presenciais seria necessário, primeiramente, pautar-se em bases científicas e jurídicas. Segundo a docente, para a retomada das aulas, seja em nível estadual ou federal, é necessário que se pense a estruturação dentro e fora das instituições de ensino. São fundamentais as medidas sanitárias e epidemiológicas para que não se coloque em risco as comunidades acadêmicas. “É preciso um planejamento que vai desde o transporte público até a saúde pública. É uma questão que vai para além do setor da educação”, explicou a sanitarista.

Para a coordenadora geral da ADUNEB, Ronalda Barreto, “A Portaria evidenciou, mais uma vez, o desrespeito do presidente com a autonomia das universidades, com a ciência, e com a tragédia que enfrentamos há nove meses. São mais de 170 mil vidas ceifadas”. Ronalda Barreto ainda demonstrou preocupação com o cenário estadual. “É preciso relembrar que no final de outubro o governador autorizou a retomada das aulas presenciais nas universidades estaduais. Agora, o próprio secretário da saúde confirmou a segunda onda na Bahia. Esperamos o bom senso do governo. No momento, precisamos salvar vidas”, finalizou a coordenadora da ADUNEB.