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A crise econômica mundial dá sinais que está longe do fim


A crise econômica mundial assombrou o ano de 2008 e quem mais sofreu foi o trabalhador com demissões em massa e salários rebaixados. Foi minimizada com o governo dando milhões para banqueiros e empresários. A conta quem a pagou (sem trocadilho) foi o povo brasileiro. Enquanto aqui, o governo Lula, momentaneamente, a um alto custo de investimento estatal, tem tido relativo sucesso em minimizar os efeitos da crise, lá fora as coisas estão longe de serem colocadas para debaixo do tapete. Como o Brasil não é uma ilha na economia mundial, há um túnel no fim da luz.

Uma matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo de domingo (3), revela que a Espanha sofre com o desemprego que chega a 20% no país. Segundo a reportagem, de cinco pessoas em idade ativa uma é mandada embora. Os números são alarmantes e dizem muito da real situação da crise econômica, que segundo analistas, tende a piorar.

Uma pesquisa feita em novembro pelo Centro de Investigações Sociais para o jornal El País aponta que 69,4% dos entrevistados esperam que a situação da Espanha esteja igual ou pior daqui a um ano. A crise de lá é estruturalmente a mesma do Brasil, porém aqui o governo tem camuflado os seus efeitos que aparentemente “adormecem”, mas que em outros países se mantêm acordados e com a tendência de se tornarem piores.

Nos Estados Unidos, a incerteza sobre se os setores privados vão reagir aumenta. Um novo pacote no valor de 75 bilhões de dólares foi criado para ajudar a economia. Este será adicionado ao pacote de 787 bilhões de dólares aprovado pelo congresso em 2009. Os números revelam que mais de 500 bilhões de dinheiro estatal, ou seja, do povo, estejam sendo aplicados para ajudar os empresários.

Bancos não liberam créditos por conta de altos prejuízos com os investimentos imobiliários, que culminaram com a crise. Assim como os consumidores o governo dos EUA está atolado em dívidas. O déficit fiscal de 2009 foi o maior do pós-Segunda Guerra, estimado a 1,2 trilhão de dólares.

Mesmo com o governo utilizando o dinheiro público para amenizar a crise, não houve recuperação no setor privado e no mercado de imóveis. Os EUA têm hoje 15,4 milhões de desempregados.

A reportagem ressalta e compara a crise atual com as crises do Japão que ocorreu em 1991 e a grande depressão de 1930, lembrando que há diferenças significativas entre elas, pois a de agora foi “quantitativamente muito maior e diferente em termos qualitativos”. Segundo o estudo as diferenças são de que ao contrário da experiência japonesa, a atual crise envolveu o mundo inteiro e que diferente da grande depressão, os impactos foram minimizados por meios artificiais.

O presidente do conselho da Soros Fund Management, George Soros, conhecido como um dos maiores especuladores do mercado mundial, diz em análise publicada pelo jornal que muitos observadores fracassaram em antecipar a dimensão da crise. A recuperação aparente deve entrar em declínio e chegar a uma segunda desaceleração econômica e isso ocorrerá em 2010 ou em 2011. Segundo o análista “quanto mais durar a recuperação mais gente acreditará que ela se perpetuará” e isto é uma característica de situações como a atual em que as percepções tendem a ser ilusórias. A crise está longe de ter acabado o que se apresenta é somente a ponta do iceberg.

Os ataques tendem a vir com força total neste ano de 2010, pois as evidências comprovam que a superprodução ainda não está resolvida. A capacidade de produção instalada é muito superior ao consumo. Os problemas estruturais não foram resolvidos, a maioria dos investimentos foram estatais e há poucos investimentos privados. Não existe perspectiva de recuperação do nível de emprego. Ou seja, os ataques vão continuar. A única forma de resistir é unir forças e manter as mobilizações.