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Protesto na SEC – Contra o descaso do governo, o indicativo de greve



 Indignação com a falta de compromisso do governo estadual e a tarefa de avançar na mobilização e construção da greve. Essas foram as certezas de docentes e estudantes ao final do ato público, realizado em defesa das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba),  nesta quinta-feira (27), em frente à Secretaria Estadual da Educação (SEC), em Salvador.

ADUNEB presente no protesto

Apesar do bom comparecimento de manifestantes da Uneb, Uefs, Uesc e Uesb, que atenderam ao chamado do Fórum das ADs, o governo Rui Costa foi ainda mais desrespeitoso com professores e estudantes. A manifestação pacífica, em defesa da educação pública superior de qualidade, foi recebida por policiais militares e grades de proteção para que ninguém tivesse acesso, nem mesmo à entrada do prédio da SEC. Todos foram impedidos até de tomar água e utilizar os sanitários do local. “A atitude do secretário da educação, Walter Pinheiro, representante do governador, mostra o tamanho do desrespeito e do afastamento dos gestores dos problemas e da crise por que passam as estaduais da Bahia”, ressaltou o diretor da ADUNEB e coordenador do Fórum das ADs, Milton Pinheiro.
 
Polícia Militar e grades contra a educação pública

Diante da pressão realizada pela comunidade acadêmica, representantes da SEC receberam uma comissão de docentes e estudantes. Porém, o descaso novamente foi a tônica por parte do governo. Nem o secretário da Educação Walter Pinheiro, nem o subsecretário Nilton Pitombo estavam presentes na reunião. Para receber a comissão o governo destacou apenas a chefia de gabinete que, desde o início da reunião informou que não teria nada a declarar, pois estava desautorizada a negociar em nome do governo.
                                                                                                                                                                 Foto: Ascom Fórum das ADs
Reunião ineficaz - Representante do governo sem autorização para negociar

No crítico cenário das Ueba explodem problemas. Sem recomposição inflacionária há mais de dois anos, os professores e técnicos possuem uma corrosão salarial de mais de 20% no bolso. Mais de 440 docentes ainda têm seus direitos trabalhistas de promoção e alteração de regime de trabalho travados pela Secretaria Estadual de Administração. A licença sabática foi cortada, o que dificulta o aprimoramento dos estudos de pós-graduação em tempo integral. Problemas de corte de passagem docente, de adicionais de insalubridade e atrasos de bolsas são constantes. Faltam restaurantes universitários em todos os campi da Uneb. Posto médico só existe no campus de Salvador. O atual baixo repasse orçamentário de apenas 5% da Receita Líquida de Impostos não supri as demandas em ensino, pesquisa e extensão, o que gera um quadro de falta de infraestrutura e desmonte das Ueba. E mesmo diante desses e outros problemas, o governador e o secretário da educação continuam a virar as costas à crise das estaduais da Bahia. 
 
Revolta com o descaso - queima do boneco do secretário Walter Pinheiro

Indicativo de greve

De acordo com a diretoria da ADUNEB, todas as tentativas de negociação já foram feitas e o governo se recusa ao diálogo democrático. Diante de tanto desrespeito o único caminho a seguir é a radicalização por meio da construção da greve. O primeiro passo é a aprovação do indicativo de greve também na Uneb, visto que a categoria docente de Uefs, Uesc e Uesb já aprovou o encaminhamento. “Os números mostram que a Bahia é o quinto estado mais rico do país. Com os recursos do cofre público o governo faz, inclusive, superávit primário. Orçamento existe, a questão é que o Estado tem como prioridade o repasse de recursos financeiros a banqueiros e empresários. Conclamamos todos e todas os docentes a aprovarem o indicativo de greve também na Uneb. Chamaremos uma assembleia geral para a primeira quinzena de outubro. Somente por meio da real construção da radicalização que poderemos impor ao governo à negociação”, afirmou Milton Pinheiro.