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Em audiência educadores e estudantes colocam filho de Bolsonaro para correr da Bahia



 Foi pela porta lateral, às pressas, fugindo no meio de um debate democrático com educadores, em um carro emprestado pela prefeitura, que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC), nesta segunda-feira (29), deixou a câmara municipal de Salvador. Tudo isso em meio a uma chuva de vaias e gritos de fascista, feito por estudantes e representantes de movimentos sociais. Esse foi o saldo da conturbada passagem pela capital baiana, do filho do também deputado, que defende a ditadura militar, a tortura e a pena de morte no Brasil, Jair Bolsonaro.  

O deputado Eduardo Bolsonaro veio a Salvador para participar de uma audiência pública. O objetivo seria debater o autoritário projeto Escola sem Partido, que prevê a lei da mordaça a professores e projetos pedagógicos. A discussão também contou com vários outros debatedores que eram favoráveis e contrários ao projeto. 
 
Debatedores no início da audiência
 
Provocação
 
O deputado Bolsonaro iniciou a sua fala atacando verbalmente o público presente, que se colocava contrário as suas teses da Escola sem Partido. Sem argumentos acadêmicos e pedagógicos, Bolsonaro dava evidências que sua intenção era atacar seus adversários para causar tumulto e um possível esvaziamento do recinto. Durante a fala, entre as várias ofensas que fez aos educadores, afirmou que atualmente o que se têm nas escolas são “militantes políticos travestidos de professores”.
 
Na defesa do projeto antidemocrático que amordaça professores, além de Bolsonaro, na mesa estava presente o vereador Alexandre Aleluia, que é autor do mesmo projeto na Câmara Municipal de Salvador. Também marcou presença o procurador da justiça, Miguel Nagib, idealizador do projeto nacionalmente. Entre outros argumentos, Nagib declarou que questões sociais como, igualdade de gênero, racismo, LGBTfobia são discussões de cunho partidário, portanto, necessitam ser barradas nas escolas.

Escola livre
 
Dois dos convidados à mesa para contrapor a escola com mordaça foram os educadores Fernando Penna (UFF) e Sandra Marinho (UFBA). Durante suas intervenções, os dois fizeram a defesa da escola livre, pautada na formação com senso crítico e de acordo com a realidade social. Pena ressaltou que o Escola sem Partido, por limitar a atuação do professor em sala de aula, já teve como consequência um questionamento das Organizações das Nações Unidas ao governo brasileiro, além de um documento de 75 páginas, da Procuradoria Geral da República, em que critica o projeto e comprova que o mesmo é inconstitucional. Já a professora Sandra salientou que a proposta em questão criminaliza os docentes. Afirmou que não é coincidência o fato do Escola sem Partido surgir em um cenário mundial de avanço do conservadorismo, com a retirada de direitos sociais e trabalhistas. A educadora citou ainda que o projeto se coloca a favor da ideologia do ódio a pobres, negros e mulheres.
 
Também em defesa da escola livre, com formação crítica, falaram o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara e a vereadora Marta Rodrigues (PT), idealizadora do projeto Escola Livre, na Câmara Municipal de Salvador. Mas, antes dessas intervenções, Bolsonaro já havia fugido do debate, se retirando do recinto no meio da atividade, sem nem ao menos se despedir dos presentes.
 
Do lado de fora, a população contrária a Bolsonaro, com carro de som, bandeiras e faixas fazia protesto. Restou ao político fugir pela porta lateral, tal qual minutos antes, havia fugido do debate qualificado com educadores.
 
A próxima reunião da Frente Baiana Escola sem Mordaça será em 09 de junho, às 17h, na Faculdade de Educação da Ufba, no Vale do Canela, em Salvador. 
 
Protesto de estudantes e movimentos sociais fez Bolsonaro fugir por porta lateral