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Militares brasileiros são acusados de tortura no Haiti

Ocupação do Haiti mostra a verdadeira face da política externa brasileira

Esta semana o Jornal O Dia, do Rio de Janeiro, destaca que uma comissão de investigação da ONU está apurando uma denúncia de agressão, sequestro e tortura a um líder comunitário haitiano, chamado FRANKI, desferida por soldados do Exército Brasileiro. O Estado brasileiro chefia a 5 anos uma ocupação militar da ONU naquele país.

Esta denúncia desnuda mais uma vez a verdadeira face da política externa do governo Lula na América Latina. Muitos trabalhadores, jovens e ativistas dos movimentos sociais podem perguntar se o fato do governo brasileiro de se posicionar contra o golpe em Honduras pode representar alguma mudança na postura de Lula de colaboração com o Governo dos EUA.

Mas, não é possível uma política coerente contra o golpe em Honduras, sendo o principal responsável pela ocupação militar no Haiti. Uma política externa que seja realmente a favor da independência política dos países da América Latina passa por retirar imediatamente as tropas brasileiras do Haiti e cessar a brutal repressão que os militares brasileiros aplicam contra os movimentos sociais haitianos.

E em Honduras não basta se pronunciar pelo retorno de Zelaya a presidência da república daquele país, mas é necessário cortar totalmente as relações diplomáticas e comercias com o Governo golpista de Micheletti. Uma negociação de retorno puro e simples do presidente deposto que signifique uma anistia aos golpistas e assassinos e que não garanta a realização de uma assembléia nacional constituinte vai significar um rebaixamento das possibilidades colocadas pela heróica resistência hondurenha.



MATÉRIA DO JORNAL O DIA:

Por Fernando Molica, Rio de Janeiro (O Dia)

Militares brasileiros acusados de tortura

Comissão de investigação da ONU apura denúncia de líder comunitário do Haiti, que afirma ter sido torturado por soldados brasileiros que integram a Missão de Paz naquele país

Rio - Mais um problema internacional para o País: a ONU (Organização das Nações Unidas) criou uma comissão de investigação para apurar uma grave acusação contra soldados brasileiros que participam da Missão de Paz no Haiti.

Um líder comunitário haitiano chamado Franki afirmou ter sido torturado, no último dia 10, por soldados brasileiros que integravam uma patrulha. De acordo com a denúncia, os militares invadiram a casa de Franki e o levaram para um local ermo de Porto Príncipe — capital do Haiti —, onde o torturaram.

Apuração do caso

As causas da suposta agressão não estão claras. Nenhum brasileiro integra a comissão formada para apurar o caso. A Missão de Paz foi criada pela ONU em 2004. O contingente militar, liderado pelo Brasil, é integrado por 7.060 soldados e oficiais de diversos países.

Visita de Amorim

O comandante da tropa da ONU é o general Floriano Peixoto Vieira Neto. Cerca de 1.200 militares brasileiros estão no Haiti. No dia 18, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, visitou o país.