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Cartilhas críticas à contrarreforma do ensino médio e opressões são lançadas no Ifba de Salvador



 Para continuar o enfrentamento à ofensiva conservadora a Frente Baiana Escola sem Mordaça, nesta terça-feira (29), realizou no Ifba – Barbalho, em Salvador, o lançamento de cartilhas contra as opressões e a reforma do ensino médio. As publicações são produzidas pelo ANDES-SN e têm distribuição nacional. A atividade contou com uma mesa redonda a qual fizeram parte a diretora da ADUNEB e do ANDES-SN, Caroline Lima, e a educadora da Ufba, Sandra Siqueira. O mediador foi o vereador Hilton Coelho, que também integra a Frente Baiana Escola sem Mordaça.

Como mediador, Hilton Coelho, ressaltou a importância das cartilhas como ferramentas de luta contra as frações conservadoras da sociedade. Coelho fez uma breve contextualização histórica sobre as questões que levaram o Brasil ao atual momento. Passou pela regressão industrial do país e o grave problema causado pelo desvio de metade do orçamento brasileiro à dívida pública. O fato tem como consequência o subfinanciamento de setores como educação e ciência e tecnologia. O mediador citou ainda a ascensão dos partidos de centro, com a imposição das contrarreformas e ataques aos direitos da classe trabalhadora.
 
Mesa redonda - Caroline Lima, Hilton Coelho e Sandra Siqueira

Contrarreforma do ensino médio

Durante sua fala a professora Sandra Siqueira se posicionou de maneira extremamente crítica à contrarreforma do ensino médio. Para a educadora, a Lei 13.415/17 possui um caráter excludente e foi realizada de maneira autoritária, por meio de medida provisória, sem a discussão com as representações de professores e estudantes. 

Segunda a docente da Ufba, a reforma proposta não assegura a formação ampla e crítica dos alunos. É uma educação pensada para privilegiar a burguesia, em detrimento dos filhos da classe trabalhadora. Enquanto os ricos continuarão sua formação em escolas particulares com amplo acesso ao conhecimento; caberá aos pobres a utilização de escolas sem infraestrutura, com currículos falhos em que foram retiradas disciplinas críticas como filosofia e sociologia.

Sandra explicou as principais alterações, que são verdadeiras armadilhas aos filhos da classe trabalhadora, a exemplo da falácia da flexibilização do currículo. Na teoria, os estudantes e as instituições de ensino optarão por uma das quatro áreas de conhecimento propostas para a formação dos jovens: 1) Linguagem a suas tecnologias; 2) Matemática e suas tecnologias; 3) Ciências da Natureza e suas tecnologias: 4) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Mas, na prática, de acordo com a falta de infraestrutura nas escolas públicas, o aluno ficará refém do que a instituição de ensino tenha condições estruturais de ofertar, a qual, na grande maioria das vezes terá um currículo pautado nos interesses e nas necessidades do mercado e do acúmulo de capital. “A reforma irá empobrecer a formação da classe trabalhadora e reduzir as chances das camadas mais pobres da sociedade de chegar ao ensino superior. Nossa resposta tem que ser a luta pela revogação dessa lei”, afirmou Sandra. A professora finalizou convidando todos a conhecerem a cartilha feita pelo ANDES-SN (leia aqui). 
 
Cartilha contra opressões
 
Cartilhas do ANDES-SN contra a ofensiva conservadora

A diretora da ADUNEB, Caroline Lima, como uma das idealizadoras da Cartilha contra Opressões (leia aqui), explicou que o material foi produzido devido ao aumento de denúncias de assédios morais e sexuais nos espaços das universidades, por todo o país. Para a professora, os casos de assédio e as agressões machistas, fascistas, racistas e LGBTfóbicas passaram a aumentar, a partir de 2004, com o surgimento do movimento Escola sem Partido, que propicia o avanço do conservadorismo e reforça escolas apenas como espaços de reprodução e não de pensamento crítico.

Segundo Caroline, o crescimento das denúncias de assédio nas universidades só aconteceu porque os movimentos sociais (feministas, negros, LGTBs) passaram a ocupar os espaços na academia. “Os negros e negras, as mulheres, os indígenas, o púbico LGBT só estão nas universidades graças ao sistema de cotas, que não foi presente de nenhum governo, foi uma vitória das lutas dos movimentos sociais.

A docente entende a cartilha como uma importante ferramenta contra todas as formas de opressão. “Machismo e LGBTfobia matam todos os dias. A cartilha é uma maneira de combater a opressão por dentro, no interior das próprias instituições de ensino. Precisamos aumentar os espaços de formação contra as opressões”, pontuou Caroline.

Agenda

A próxima reunião da Frente Baiana Escola sem Mordaça será em 5 de setembro, às 17h, na Faculdade de Educação da Ufba. A participação é aberta a todos os interessados.