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Cem anos da Revolução Russa foi tema de debate na ADUNEB



 O auditório da ADUNEB recebeu na quarta-feira (03) o debate “Cem Anos da Revolução Russa”, que também teve transmissão por videoconferência disponibilizada a todos os campi da Uneb. A atividade faz parte da I Jornada de Formação Política do sindicato dos docentes da Uneb, que ocorrerá até o mês de agosto. Os expositores foram os professores Antonio C. Mazzeo (USP) e Luiz B. Pericás (USP), tendo como mediador o docente Vamberto Ferreira (Uneb). A ação é uma iniciativa do Grupo de Trabalho da ADUNEB de Política de Formação Sindical (GTPFS). 

Segundo os organizadores do debate, o tema dos Cem Anos da Revolução Russa foi escolhido devido o fato ser um dos mais importantes eventos históricos do século XX. Refletir sobre o centenário da revolução é pautar as conquistas do proletariado daquele período, suas formas de organização e confrontar com a atual ofensiva conservadora e a retirada de direitos trabalhistas e sociais.   
 
Professor de história contemporânea da USP, Luiz Pericás, abordou a repercussão e influência na Revolução Russa no Continente Americano. As reflexões do pesquisador iniciaram na segunda metade do séc. XIX. De acordo com Pericás, foi a partir de 1917, ano da revolução, que Lênin e o socialismo passaram a ter maior importância no cenário mundial. Até então, pensadores marxistas acreditavam que uma revolução nas Américas, a partir da classe trabalhadora, inicialmente ocorreria nos Estados Unidos, pois era o país em maior desenvolvimento industrial e com uma classe operária mais definida.  
 
Sobre a influência de 1917 nas Américas, Luiz Pericás analisou vários países e como a revolução pautou a organização dos trabalhadores em cada um deles, a exemplo de Peru, Cuba, México e Argentina. O pesquisador ainda abordou o período após a morte de Lênin (1924), o fortalecimento do novo líder Josef Stalin e a maneira com que impôs as diretrizes do Partido Comunista Soviético aos PCs dos países das Américas, movimento conhecido como “Bolchevização”. 
 
Mazzeo, Ferreira e Pericás durante o debate
 
Brasil
 
O cientista político Antonio Mazzeo centrou sua análise nas influências da Revolução Russa no Brasil e fez um histórico do movimento comunista no país. Para o professor, os ideais comunistas começaram a entrar no Brasil a partir da chegada dos imigrantes, em meados do séc. XIX, originários das crises econômicas dos Estados Unidos e Europa. Eram principalmente italianos, espanhóis e alemães, fugidos de guerras e despossuídos de terras. Foram esses trabalhadores, que por meio de um movimento anarcossindical, iniciaram os protestos da classe operária por conquistas de direitos trabalhistas.
 
Sobre as primeiras formas de organização dos trabalhadores no país, no mesmo ano da Revolução Russa (1917), Antonio Mazzeo citou a histórica greve na capital paulista. O protesto que começou com os trabalhadores de três grandes fábricas, influenciou o surgimento de revoltas em todo o país, inclusive na Bahia. Mazzeo relatou ainda a atuação de líderes comunistas do período, como Astrojildo Pereira e Otávio Brandão; o nascimento do Partido Comunista Brasileiro; o distanciamento do anarcossindicalismo e a construção de movimentos mais organizados e pautados em ações mais unificadas.
 
Após as falas, foi aberto um debate com a participação da plateia, inclusive de professores dos campi do interior, que acompanhavam pela videoconferência, a exemplo dos campi de Senhor do Bonfim, Guanambi e Teixeira de Freitas. A próxima etapa da I Jornada de Formação Política da ADUNEB será no dia 22 de julho, com o tema “O Estado capitalista no Brasil: as contrarreformas em curso”, com a participação dos professores Plínio de Arruda Sampaio Jr. (Unicamp) e Eurelino Coelho (Uefs).