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Racismo e Marxismo são temas abordados em atividade sobre Consciência Negra da ADUNEB



 Na última sexta-feira, dia 2 de dezembro, aconteceu no auditório da ADUNEB um debate sobre “A Questão do negro na sociedade de classes”, mediado por Willians Menezes, ativista do Coletivo Negro Minervino de Oliveira e pelo professor da Uneb de Seabra, Fábio Nogueira. A atividade trouxe uma abordagem marxista sobre a história do povo negro no Brasil e fez parte do Novembro Negro da ADUNEB, tradicionalmente conhecido como mês da consciência negra. 

O espaço proporcionou uma análise do racismo enquanto manifestação ideológica, baseada no colonialismo, e evidenciou explicações de como esse cenário contribuiu para a expansão do capitalismo. A mesa pautou a importância do marxismo e sua capacidade de dar respostas às questões relacionadas ao racismo no Brasil, sobretudo, na análise do papel cumprido pelo povo negro na luta de classes durante período colonial. O professor Fábio Nogueira trouxe como referência o autor Clóvis Moura e a sua interpretação sobre os quilombos, que ocupava um lugar de resistência do negro rebelde da época. Além do resgate histórico, Willians Menezes colocou para reflexão temas atuais, como as relações e características do racismo no Brasil, nos Estados Unidos, o encarceramento em massa e o genocídio do povo negro sob a perspectiva da criminologia crítica. O ativista problematizou como o direito, na sociedade capitalista, tem servido como intermediário das lutas históricas das classes sociais, a serviço da burguesia enquanto um disciplinador hegemônico. 
 
Passou pelo debate outras questões relacionadas à pauta racial, a exemplo das formas de organização dos negros e negras em torno da arte, poesia, cultura e estética como pontos de apoio para a resistência à opressão. Os dois palestrantes apontaram sobre a importância da utilização do acúmulo teórico para criar vínculos, que possibilitem um reaprendizado da esquerda em dialogar com a base, com a classe trabalhadora em suas mais diversas manifestações e organizações.
 
Fábio Nogueira, Ediane Lopes (mediadora ADUNEB) e Willians Menezes
 
A discussão permaneceu viva não só entre os expositores, mas também com as perguntas e colocações dos presentes, que contribuíram com outros elementos para a reflexão. A plateia levantou assuntos como as greves negras ocorridas na Bahia, a inserção da população negra no protestantismo, o eurocentrismo, retomou teóricos e comunistas negros que marcaram a história e recitou poemas. 
 
Para a diretoria da ADUNEB, a atividade foi de fundamental importância, principalmente para esse momento político do país, em que a esquerda precisa se reorganizar e reaprender a construir debates, que contribuam no trabalho de base e ajudem à classe trabalhadora a se reconhecer e identificar. Debater racismo no contexto de Brasil é uma tarefa que a esquerda não pode perder de vista, assim como também urge debater a necessidade de exercitar um marxismo dialético aberto à interpretação das questões de raça, gênero e sexualidade.