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I Seminário sobre Visibilidade Lésbica da ADUNEB discute a opressão à população LGBT



 O I Seminário sobre Visibilidade Lésbica da ADUNEB aconteceu nos dias 25 e 26 de agosto. O espaço agregou importantes setores da esquerda, do movimento LGBT e trouxe um rico debate sobre LGBTfobia. As reflexões abordaram temas relacionados à violência contra mulheres lésbicas e bissexuais, assim como a importância desse debate no atual cenário de ofensiva conservadora, expresso tanto na política quanto no cotidiano da sociedade brasileira. 

O Seminário promoveu em seu primeiro dia uma mesa com o tema “Debater a Lesbofobia: Visibilizar violências”, com transmissão por videoconferência para os outros campi da UNEB. Já no dia seguinte ocorreu um cine debate com os movimentos sociais sobre o curta-metragem “Meu Mundo é esse”. Entre os dois dias de atividades estiveram presentes o Núcleo de Estudo de Gênero e Sexualidade da Uneb (Diadorim), grupo Mães pela Diversidade, Assembleia Nacional dos Estudantes livres (Anel), os coletivos Geni (Sul da Bahia), Ana Montenegro e Enlace. 
 
As discussões passaram por diversas desconstruções e problematizações em torno da realidade das mulheres lésbicas. Dentro desse contexto, um dos pontos mais debatidos foi o estupro corretivo, uma prática em que o criminoso força a vítima ao sexo, geralmente homo ou bissexual, sob a desculpa de tentar corrigir o que ele, o estuprador, considera um problema. Também foi debatido o processo de autoafirmação até a hiperssexualização, além da fetichização expressa na forma como as lésbicas são representadas em filmes, séries etc. 
 
De acordo com a diretoria da ADUNEB, um dos pontos importantes do debate foi o recorte racial entorno da questão das opressões. As debatedoras destacaram que a violência causa maior impacto, sobretudo, nas mulheres lésbicas negras, que são os maiores índices nos casos de estupro corretivo e violência doméstica. A problemática levantou uma discussão necessária sobre a Lei Maria da Penha, que diz respeito a uma política específica para o atendimento de mulheres lésbicas violentadas e a urgente necessidade de criminalização da LGBTfobia.
 
Vale ressaltar também a importância do debate de classes, que forma um dos elementos da interseccionalidade do movimento. Para a diretora da ADUNEB e uma das organizadoras da atividade, Ediane Lopes, o sistema capitalista é responsável por dar continuidade às opressões e, portanto, não há como combatê-las sem também transversalizar as questões étnico-raciais, de gênero e sexualidades com as discussões de classes.
 
O Seminário aconteceu para ressaltar o Dia da Visibilidade Lésbica - 29 de agosto. Segundo a diretoria da ADUNEB, a atividade também foi um marco na luta contra todas as formas de opressões que o Movimento Docente tem travado, ao lado de outras seções sindicais do ANDES-SN, a exemplo da Cartilha contra Opressões (leia aqui), uma idealização da ADUNEB. Ainda segundo as/os professoras/es, é preciso que os sindicatos da educação estejam a serviço de promover cada vez mais debates desse cunho, principalmente frente a atual ofensiva ideológica contra o pensamento crítico, que tenta ser imposta pelo Projeto Escola sem Partido (leia mais). A garantia de uma universidade pública, gratuita e de qualidade passa também pela luta contra todas as formas de opressões.
 
Participantes contribuíram com a atividade, que teve transmissão por videoconferência