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Conjuntura política e crise capitalista foram temas de debate na ADUNEB



 No dia 20 de abril a ADUNEB promoveu o debate “Crise Capitalista e o Pensamento de Lenin”, com os professores Antonio Carlos Mazzeo, da Universidade de São Paulo, e Valério Arcary, do Instituto Federal de São Paulo. A mediação foi do diretor da ADUNEB, Milton Pinheiro. A atividade aconteceu no auditório do sindicato, no campus I da Uneb , e teve a transmissão disponibilizada por videoconferência para todos os campi da universidade. A discussão teve a presença de estudantes, professores e trabalhadores, que lotaram o auditório. Foram temas do debate a situação política brasileira e as contribuições do livro “Lenin, teoria e prática revolucionária”, que foi lançado no local. 

Um dos organizadores da obra, Antonio Mazzeo, trouxe informações sobre a trajetória da vida de Lenin, assim como os princípios utilizados pelo líder russo para pensar a libertação da classe trabalhadora, por meio da revolução socialista. Segundo Mazzeo, “Uma das premissas fundamentais de Lenin era a de elaborar política com a lógica de ‘trazer respostas concretas para situações concretas’ e, junto a isso, a construção de um partido revolucionário como papel central na organização revolucionária”. Nessa perspectiva, os professores analisaram pontos da atual conjuntura política. 
 
Na opinião de Mazzeo, um dos centros da atual crise política foi a aproximação do Partido dos Trabalhadores aos grupos reacionários de direita, no sentido da conciliação de classes. O golpe foi, e continua sendo dado, com a aprovação de projetos que atacam os direitos dos trabalhadores, e vem tanto do Congresso Nacional quanto do Governo Federal, como é o caso da Lei Antiterrorista, aprovada pela presidente Dilma Rousseff no último período. Mazzeo apontou ainda que “a discussão entre o Fica Dilma e o Fora Dilma é um dos principais temas em questão entre a esquerda brasileira e os movimentos sociais”.
 
Doutor em História Social, Valério Arcary, analisou que, neste momento, no Brasil ocorre um reagrupamento das classes dominantes para atrair o capital internacional, aumentar as taxas de exploração e aprofundar o ajuste fiscal. Para o professor, “Por mais de uma década a classe dominante apoiou o PT para garantir seus lucros exorbitantes”, afirmou. 
 
Obra sobre os pensamentos de Lenin foi lançada durante a atividade
 
Ainda segundo Arcary, a questão agora é saber por quanto tempo a burguesia estará unida em defesa de um projeto comum, visto que a intensificação dos ajustes fiscais, em pouco tempo, trará consequências negativas também à classe média. A resposta para essa pergunta é bastante frágil e instável, pois na contramão desse cenário existe uma forte desilusão da população com o PT. Além disso, a piora nas condições de vida da classe trabalhadora também poderá intensificar um levante de mobilizações e greves frente a um possível governo Michel Temer e Eduardo Cunha, como já vem acontecendo frente ao governo Dilma. De acordo com Valério Arcary, “Será difícil conter os escândalos do envolvimento do PMDB e PSDB com a Lava-Jato. O vice-presidente Temer pode até tomar posse, mas ninguém sabe quanto tempo ele ficará. A própria direção do PSDB não apresentou ainda declaração de apoio oficial ao governo Temer. Nesse bojo, é nítido que também existe a reorganização de uma extrema direita representada por figuras como o deputado Jair Bolsonaro”, declara.
 
Na síntese do debate, ambos os professores concordaram que a esquerda está atrasada na construção de um terceiro campo político. Mas que é fundamental avançar nessa construção, para que a classe trabalhadora entre em cena e construa sua própria alternativa frente às opções da burguesia. 
 
Para a diretoria da ADUNEB, a atividade foi uma iniciativa importante para impulsionar mais debates como esse na universidade. O atual momento político exige muita ação acompanhada de reflexão. É preciso que a universidade reflita e estude sobre esse momento político, e busque ainda a aproximação dos movimentos sociais. Mais do que nunca é preciso resgatar o pensamento de Lenin para interpretar os fatos da política brasileira, e construir alternativas concretas para os trabalhadores e trabalhadoras do país.