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Seminário debateu Ciência e Produção Científica na Uneb

 Preocupado com a produção científica na Uneb e os caminhos a seguir pela universidade, o Comando de Greve da ADUNEB promoveu o "Seminário Ciência e Produção Científica na Uneb". A atividade aconteceu em 09.06 e foi transmitida por videoconferência a todos os campi da instituição. As/os expositoras/es foram as/os pesquisadoras/es Marluce da Guarda, do campus I, e Osmar Moreira, do campus II. De maneira democrática, também foi convidado a participar do seminário o representante da Reitoria, Atson Fernandes, pró-reitor de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG), mas negou comparecer ao debate.

Primeira a falar, a professora Marluce da Guarda, do Programa de Química Aplicada iniciou com uma contextualização histórica sobre as principais instituições de fomento às pesquisas científicas no país e na Bahia, suas especificidades e características.
 
Na análise sobre a produção científica na Uneb, Marluce relatou que na iniciação científica, até hoje, não existe um programa de acompanhamento dessa produção, algo fundamental para mensurar a realidade e planejar os caminhos a seguir. Para a professora, a melhoria da iniciação científica na Uneb, entre outros pontos, passa por três questões: 1) ampliação do programa com recursos próprios; 2) realizar seminários de iniciação científica; 3) aumentar o número de bolsas, o que indicaria maior participação da comunidade acadêmica.
 
No âmbito da pós-graduação a pesquisadora trouxe dados alarmantes, que demonstra o quanto ainda será necessário caminhar. No ranking das estaduais da Bahia a Uneb ocupa o último lugar em programas implementados, com 12 mestrados e apenas um programa com mestrado e doutorado. Para Marluce, além de incentivo a novos programas será necessário oferecer condições adequadas de funcionamento.
 
O pesquisador do Programa de Pós-Crítica, do campus de Alagoinhas, Osmar Moreira, iniciou sua reflexão afirmando que na questão de incentivo às pesquisas, tendo como parâmetro o histórico da Uneb, espera muito pouco das/os gestoras/es da instituição. Moreira defende uma “reviravolta” na estrutura da universidade com redimensionamentos curriculares e maior autonomia com extinção da Lei 7176/97, que retira a autonomia de gestão das universidades.  
 
O professor Osmar defende que os programas de pós-graduação da Uneb necessitam de uma ideia de ciência diferencial, articulados pela comunidade unebiana e não pelas/os gestoras/es. Segundo o pesquisador, sobre essa mudança de postura, entre outros pontos, é necessário defender uma política científica comunitária que apresente, debata, paute e descreva outra perspectiva de Brasil, para além de um país neoliberal e exportador de matéria prima.
 
Em sua apresentação Moreira trouxe para a reflexão vários problemas que levaram a Universidade do Estado da Bahia ao atual conturbado cenário de produção científica. Questões que precisam ser combatidas. Para o pesquisador, a gestão da Uneb nunca proporcionou a sua comunidade congressos regulares, que pudessem debater problemas como as condições de funcionamento da pós-graduação stricto sensu e suas demandas urgentes. Também é preciso dar maior visibilidade e circulação aos produtos científicos produzidos na instituição. Além disso, entre outras questões, é necessário que as/os próprias/os atores e atrizes definam uma filosofia de trabalho científico, e que isso não fique a cargo de gestores, com discursos voltados apenas aos interesses das agências de fomento. 

Ausência da PPG

Convidado a participar do Seminário, o Pró-Reitor da PPG enviou e-mail à ADUNEB no dia 05.06, recusando a participação na discussão democrática. Segundo Atson Fernandes, não poderia estar presente, pois a Reitoria havia constituído uma Comissão de Mediação Interna, sendo essa a única autorizada a participar das discussões. “Essa metodologia foi adotada pela Reitoria, em parceria com o Fórum de Diretores e, enquanto membro da Equipe Central de Gestão Universitária, devo sustentar as orientações que regem os assuntos acadêmico-administrativos da nossa Instituição”, afirmou o gestor.

O Comando de Greve da ADUNEB faz veemente crítica aos posicionamentos da PPG e da Reitoria. Conforme já denunciado pelo sindicato, a tentativa de criação dessa comissão por parte da administração central, teve como único objetivo dificultar a atuação da Comissão de Ética do Comando de Greve. Tal equipe da gestão universitária não é reconhecida pela ADUNEB, que só irá negociar as pautas internas diretamente com o Reitor.  
 
Discussão sobre produção científica na Uneb