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Comunidade acadêmica das Ueba ocupa Alba no primeiro dia de greve de advertência



 As Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) deflagraram greve de advertência e fecharam os portões neste dia 17 de setembro. A atividade vai até sexta-feira (19) e faz parte da Semana de Mobilização e Lutas. Os objetivos, entre outros, são denunciar a intensificação da crise financeira das universidades e reivindicar o repasse de mais orçamento à educação pública superior do Estado. Após um dia inteiro de concentração e ato público em frente à Assembleia Legislativa (Alba), professores, funcionários e técnicos das Ueba ocuparam o salão nobre da casa de leis. 

Há mais de um ano a comunidade acadêmica tenta sensibilizar o governo sobre a crise financeira. Cansada de tantas promessas vazias e descaso com a educação, os integrantes das Ueba começam a radicalizar as ações. As principais reivindicações são contra corte orçamentário, a ampliação do quadro de vagas e, sobretudo, o repasse de 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para suprir as demandas em ensino, pesquisa e extensão. Atualmente esse valor não chega a 5%.
 
Antes da ocupação um acampamento foi montado em frente a Alba
 
Dados do próprio governo mostram que para o próximo ano a estimativa de corte será de R$ 7,2 milhões em custeio e investimento para o orçamento das Ueba. Se confirmada a previsão, apenas entre 2013 e 2015, as estaduais da Bahia sofrerão cortes nas rubricas citadas na ordem de R$ 18 milhões.
 
Com a greve de advertência já planejada e divulgada na imprensa, um dia antes da deflagração, o governador Jaques Wagner cedeu à pressão e liberou R$ 7,8 milhões para o destravamento das filas de promoções e progressões. Para a diretoria da ADUNEB, embora esse recurso seja uma conquista das Ueba, o cenário de crise financeira em nada se altera. O orçamento liberado foi destinado ao setor pessoal, enquanto que os R$ 18 milhões cortados foram de custeio e investimento.
 
Entrada da assembleia legislativa 
 
Há 23 anos como servidora da Uneb, Maria da Juda Correia, de Teixeira de Freitas, a 930 km de Salvador, afirma de adquiriu grave doença alérgica no período em que trabalhou no setor de arquivos. Há cinco anos teve seu processo de adicional por insalubridade negado pelo governo. “Entrei com revisão do processo, mas a esperança é mínima, no meu campus nenhum técnico tem conseguido. Sinto-me desvalorizada. Faço questão de participar do protesto”, lamenta a trabalhadora.  
 
Engodo governista
 
 Segundo os professores do sindicato, na questão do déficit orçamentário o governo age de má fé, retira recursos das Ueba e ainda utiliza um jogo de números para tentar confundir a sociedade. Os cortes financeiros às universidades são feitos em custeio e investimento, setores responsáveis pelas demandas de ensino, pesquisa e extensão. Enquanto isso, os governistas informam que investem nas Ueba e apresentam dados do aumento de recursos para a folha de pagamento de pessoal. O dinheiro para o setor pessoal sempre irá aumentar, é uma exigência da lei trabalhista. Reduzir orçamento nesse setor significaria reduzir salários. .
Denúncia de descaso com a educação chamou a atenção da imprensa
 
Da crise financeira derivam vários outros problemas que impactam no dia a dia das Ueba, como: o déficit no quadro de vagas para professores e técnico-administrativos, a falta de equipamentos nos laboratórios e materiais didáticos, a ausência de uma efetiva política de permanência estudantil, a falta de restaurantes universitários e creches-escola, o constante atraso nos pagamentos de bolsas de pesquisa e auxílio. Em alguns campi faltam, inclusive, materiais de limpeza e higiene pessoal, como sabão e papel higiênico.
 
Estudante de história do campus da Uneb, de Eunápolis, Ian Lopes viajou mais de 700 km, exclusivamente, para participar da mobilização. “Revolta o total descompromisso do Estado com a realidade das estaduais. Lutamos por nosso direito à educação de qualidade”. 
 
Professores discursam em defesa da educação pública superior
 
A diretoria da ADUNEB informa que nesta quinta-feira (18), os protestos continuam a acontecer na Alba. Caso a precarização permaneça outras atividades já são discutidas na agenda de mobilizações das Ueba. Embora o tensionamento tenha aumentado, a comunidade acadêmica continua aberta ao diálogo e disposta a negociar.
 
Salão nobre da Alba ocupado - parte dos manifestantes em reunião discutem atividades do dia seguinte