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Nesse mês de março as mulheres saem às ruas em defesa de seus direitos



Em diversos estados as mulheres em luta foram às ruas e participaram de blocos carnavalescos, realizaram atos e debates denunciando a violência e o machismo. Em São José dos Campos (SP), o bloco "Acorda Peão" contou com ala exclusiva das mulheres contra violência. 

Em Brasília as mulheres participaram do bloco "pacotão" e  também no Rio de Janeiro foram representadas no bloco "Maria vem com as outras”.

No Piauí houve ato e debate contra o machismo no dia 1 de março e no sábado de carnaval as mulheres em luta levaram suas reivindicações para  o bloco "Sanatório Geral ".

No Maranhão as mulheres também participaram do ato de Lançamento e festa do Bloco na Sede Recreativa do Sindicato dos Bancários, além do desfile na  Passarela do Samba. Fantasiadas  com abadas, e com bandeiras, faixas e estandarte denunciaram a violência contra a Mulher .

Ainda estão previstos atos no Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Minas Gerais.  Veja abaixo a programação e Participe!

A representante do Movimento Mulheres em Luta e também membro da Secretaria  Executiva da CSP-Conlutas, Janaína Rodrigues, em entrevista dada à Central, falou sobre as perspectivas e desafios das mulheres trabalhadores nesse ano de 2011.

O dia internacional da mulher nesse ano de 2011, será no feriado de carnaval, diante desse fato, como estão os preparativos para as manifestações do 8 de Março nos estados?

Janaína - É a segunda vez, nos 101 anos do 8 de Março, que a data coincide com o carnaval. Nem por isso vamos deixar de fazer o ato político. Em alguns estados onde há tradição de blocos reivindicatórios de rua, como Rio de Janeiro, Brasília e Maranhão vamos participar com nossas bandeiras. Onde há tradição de blocos de sindicatos, como é o caso de São José dos Campos, também. A data do ato político nacional será dia 12 de março. Queremos que o mês de março esteja voltado ao tema, por isso, em nossas entidades haverá atividades de formação, debate e ação frente ao tema. O calendário pode ser acompanhado por nosso site.

Em São Paulo e nos estados esses atos ocorrerão em unidade com outros setores?

Janaína - Estamos para completar três meses do governo da primeira mulher à presidência da república e já assistimos medidas que afetam e prejudicam diretamente as mulheres, tais como o irrisório aumento do salário mínimo, o anúncio de cortes no orçamento, o aumento dos parlamentares e outros. Isso nos diz que é necessário termos um movimento forte para barrar essas ações, que devem seguir. Nesse caso, a unidade na ação com todos os setores que querem luta é fundamental. Por isso, estamos indo para um ato unitário em vários locais do país, inclusive em São Paulo. Achamos importante marchar junto, mas com nossas bandeiras e reivindicando a independência do movimento. Em cada ato, vamos organizar uma coluna de mulheres classistas e anti-governista.

O Dieese divulgou uma pesquisa dizendo que as mulheres ganham 76% a menos do que os homens, em sua opinião esse desigualdade ocorre por qual motivo?

Janaína - Esse dado é muito interessante porque há uma idéia de senso-comum que as mulheres já atingiram a plena igualdade, uma grande mentira. Quando comparamos o tema do salário vemos claramente como o sistema capitalista se apropria das diferenças sexuais, transforma-as em desigualdades e as utiliza para justificar a exploração e a opressão. Faz isso porque a mão de obra feminina, ao ficar mais barata, amplia a exploração e ajuda a regular o preço da mão de obra no geral, contribuindo para o aumento do lucro dos patrões.

Por que a Lei Maria da Penha precisa ser aperfeiçoada?

Janaína - Nenhuma lei é suficiente para resolver um problema estrutural. Para avançarmos na luta contra o machismo e pela valorização da mulher temos de lutar pelo fim da sociedade de classes. A Lei Maria da Penha é uma lei que já nasceu incompleta e insuficiente e até com pouca aplicabilidade porque não prevê gastos para sua implementação, também não pune devidamente os agressores e não prevê construção de casas-abrigo para as mulheres. Se você compara a Lei com a legislação penal anterior, é possível dizer que houve uma importante adequação dos crimes contra a violência à mulher que não existiam antes da Maria da Penha. Agora, se você passar uma régua e olhar as estatísticas verá que a Lei não está sendo aplicada e mesmo que fosse seria insuficiente. Então, nossa luta é para que ela seja aplicada, mas principalmente, que ela seja ampliada. Afinal, a violência está matando as mulheres.

Por que, mesmo tendo uma mulher como presidente, as mulheres brasileiras têm que continuar lutando?

Janaína - Da mesma maneira que um operário, como foi Lula, não atendeu aos trabalhadores, uma mulher, por sua condição de mulher, também não atenderá as mulheres somente por sua condição de gênero. O que diferencia um governante é a condição de classe.  Dilma, apesar da intensa propaganda de mídia, não governa para os trabalhadores/as. E, mesmo que assim o fizessem, teríamos de seguir lutando, porque para dar fim ao machismo é necessário construir uma sociedade socialista.

Quais os principais desafios das mulheres nesse ano de 2011?

Janaína - É, primeiramente, desmistificar a idéia de que uma presidenta pode resolver nossa situação, explicando todos os dias, pacientemente, a todos os trabalhadores. A segunda é seguir com nossas bandeiras, sempre firmes, com independência e pautadas no classismo. Nesse sentido, nossas principais bandeiras são: o aumento dos salários, pelo piso do DIEESE (R$ 2.227), a luta contra a violência à mulher, pois no país a cada dois minutos cinco são agredidas e cada duas horas uma é morta, pela construção de creches públicas e gratuitas em período integral, pela licença-maternidade de 6 meses, rumo a um ano, sem isenção fiscal, e  pela legalização do aborto.

Janaína Rodrigues, da executiva da CSP-CONLUTAS e do Movimento Mulheres em Luta.

Segue texto extraído da convocatória nacional disponibilizada para a rede via e-mail. Abaixo segue também a programação atualizada nos estados.

Somos todas mulheres em luta: Contra o Machismo e a Exploração! Em defesa da Mulher Trabalhadora

Em 1910, a socialista alemã Clara Zetkin propôs na 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas a criação do Dia Internacional da Mulher, em homenagem às 129 operárias da fábrica Cotton (EUA) assassinadas por reivindicar direitos, em 1857. A data ganhou importância em todo o mundo principalmente após o dia 8 de março de 1917, quando as trabalhadoras russas saíram às ruas e precipitaram as ações da revolução socilaista.

No mês de março, nós mulheres trabalhadoras estamos nas ruas, nas escolas, nas fábricas lutando contra o machismo e a exploração capitalista que atinge de forma mais cruel as mulheres trabalhadoras.

Nossa luta é todo dia. Em 2011, pela primeira vez na história do Brasil, uma mulher assumiu a presidência do país. Junto com ela, o maior número de ministras mulheres. Isso não é um fato menor no maior país católico do mundo, onde a cada duas horas a violência machista mata uma mulher.

Um país em que elas são a maioria da população, estudam em média mais que os homens, mas ainda ocupam as profissões menos remuneradas e chegam a ganhar até 30% menos para fazer o mesmo trabalho.

Ao assumir o governo, Dilma garantiu aos seus pares um aumento significativo nos salários (62%), inclusive ao dela (132%). Enquanto isso, o salário mínimo teve aumento de apenas R$ 35. Um ataque direto às mulheres, que dentre os que recebem o mínimo representam 53%.

É preciso que sigamos, enquanto mulheres e trabalhadoras, reafirmando a necessidade de que nossas bandeiras feministas históricas seguem sendo nosso combustível para organização e luta das mulheres. Este novo governo nada de novo representa para as mulheres trabalhadoras. Já na campanha eleitoral representou um retrocesso em relação a uma reivindicação histórica das mulheres que é a legalização do aborto. Nossa luta pela libertação das mulheres segue e só poderá ser vitoriosa com o fim desse sistema de opressão e exploração em que vivemos. Não basta ser mulher para fazer avançar os direitos das trabalhadoras, é preciso ser classista e feminista.

Por isso, nossa luta precisa seguir e se fortalecer, nesse dia internacional das mulheres e em todos os dias de nossas vidas.

Construiremos atos unitários por todo país, em base a um programa antigovernista, que exija o reajuste imediato do salário mínimo para as mulheres e homens da classe trabalhadora, igual ao dos deputados, o direito às creches e licença maternidade ampliada, que exija a legalização do aborto já e o fim da violência.

• Aumento de 62% do salário mínimo, o mesmo dos deputados!Pelo piso do Dieese;

• Anticoncepcionais para não abortar. Aborto legal, seguro e gratuito para não morrer!

• Direito à maternidade: a) licença-maternidade de 6 meses para todas as trabalhadoras e estudantes, rumo a 1 ano; b) creche gratuitas e em período integral para todos os filhos da classe trabalhadora;

• Pelo fim da violência contra a mulher! Aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha!
Construção de Casas-abrigo! Punição aos agressores!

• Pelo fim da ocupação militar no Haiti. Fora as tropas brasileiras!

• Solidariedade e apoio às revoluções árabes.

Segue programação atualizada!

Rio de Janeiro

- Dia 17 de março: panfletagem na central do Brasil, às 16h.

- Dia 22 de março: Pré-lançamento do Fórum estadual de luta contra a violência à mulher.

São Paulo

Dia 12 de  março - Ato com concentração às 9h, em frente à Igreja da Consolação, altura do n° 605 - Centro São Paulo.

Pará

Dia 12 de março - Palestra: "8 de março: Contra o machismo e a exploração; em defesa da mulher trabalhadora"

Local: Acampamento do MTST/ Estrada do Outeiro.

Horário: 9h

Minas Gerais

Dia 11 de março - Ato unitário em comemoração ao Mês da Mulher, onde a pauta será: combate à violência contra as mulheres e luta pelo direito à moradia.

Dia 12 de março  –  Esta data será  dedicada a formação de mulheres trabalhadoras da saúde. Haverá debate como a crise econômica afeta principalmente as mulheres no País e no mundo, bem como a necessidade de organização e resistência contra as retiradas de direitos e a mulher negra. Estarão presentes palestrantes do ILAESE, MML e QUILOMBO RAÇA E CLASSE, podendo haver ainda um espetáculo teatral especial de comemoração ao Dia da Mulher .

Natal

Dia 16/03- Atividade de formação no acampamento  do MST: Trabalho, Saúde e pobreza das Mulheres;

Dia 17/03 –  8h30  Caminhada e ato unificado – Roteiro: Pronto socorro e Centro de saúde da cidade da Esperança (esta unid. está sendo fechada e está sendo construída uma UPA), a caminhada segue até o local onde se concentra a justiça do trabalho, criminal, eleitoral e policia federal.