Notícias

CSP-Conlutas: Reunião nacional abre com palestra sobre economia, política e conflito social

A reunião da Coordenação Nacional da CSP-CONLUTAS foi aberta na manhã desta sexta-feira com a palestra do professor do Departamento de Ciência Política/Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Unicamp, Álvaro Bianchi, que abordou a relação entre os fenômenos econômicos, políticos e sociais no capitalismo e sua inter-relação.

O professor lembrou que o capitalismo encontra-se submetido a crises periódicas de superprodução, ou seja, crises caracterizadas pelo excesso de riqueza produzida. “Nas últimas décadas os capitalistas têm reagido a essas crises por meio de inovações nos mercados financeiros que procuram abrir novas frentes para a expansão do capital, compensando as perdas decorrentes no âmbito da economia industrial”, afirma.

Assim, após a crise da chamada nova economia, dos investimentos em empresas de internet e comunicação, o mercado financeiro voltou-se para a especulação imobiliária e para o financiamento de alto risco de imóveis. “Quando a economia deu os primeiros sinais de esgotamento de um ciclo, as famílias ficaram rapidamente sem condições de pagar as hipotecas, estourando a chamada bolha imobiliária e provocando uma quebra na economia daquele país”, comenta Bianchi.

Ele chamou a atenção para a relação da economia, política e conflitos sociais. Apesar da relação ser intrínseca, não é automática. Tanto é assim que a grave crise econômica detonada nos EUA não levou à mobilização generalizada da classe trabalhadora. “Mas se há organizações, direções do movimento que se movam neste sentido, é possível que haja mobilizações nesses momentos”.
Diante dessa situação, frisou: “há um crescimento das lutas da classe trabalhadora na década de 2000”. Ele relembrou que na década de 90 as mobilizações no Brasil e no mundo sofreram intenso refluxo. “Um exemplo desse refluxo no Brasil, além da queda do número das mobilizações, foi o fechamento de institutos que computavam as lutas no país”. 

Mas segundo o palestrante, os conflitos sociais na década de 2000 têm assumido um caráter mais ofensivo e o renascimento do conflito social tem alterado significativamente a relação de forças entre as classes.
Ele menciona ainda que apesar da crise que vem ocorrendo no final desta década, o mercado financeiro dos EUA não pode ser comparado ao do Brasil, que ainda tem entre seus principais investidores o Estado. Apesar disso, o professor acredita que nosso país não é uma ilha e sofrerá com mais intensidade as conseqüências da crise devido a sua relação com o mercado internacional. Para o professor, o governo brasileiro não conseguirá resistir por muito tempo a contaminação da crise externa.

Ao fechar a palestra Bianchi alertou que a única forma de transformar uma crise econômica em política é a partir da atuação de direções conscientes dos trabalhadores que possam fazer a correlação desse processo. “Um exemplo disso é que mesmo com o tenso conflito social que há atualmente na França e ainda que haja queda na popularidade do presidente Nicolas Sarkozy, ele pode sair ileso se não há uma direção que faça a correlação da questão econômica com a política”, finalizou.