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Entrevista: Dirigente do Andes-SN analisa resultados da reunião da CSP-Conlutas

Ao final da primeira reunião da Coordenação Nacional da Central Sindical e Popular fundada no Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora), em Santos (SP), no início de junho, a reportagem da Adufrj Seção Sindical entrevistou o professor Francisco Miraglia, da USP, encarregado de Relações Sindicais do Andes-SN.

Jornal da Adufrj - O militante do Andes-SN entende o que ocorre aqui. Mas para o professor que não acompanha o assunto, qual a importância de o Sindicato Nacional estar agregado a esta nova entidade?
Francisco Miraglia – Desde que o Andes foi fundado – e na época (em 1981), era Associação, pois servidor público não tinha direito de sindicalização -, teve como direção a defesa dos interesses gerais e específicos dos trabalhadores de educação superior, nos setores público e privado. Mas sempre tivemos a compreensão de que esses interesses, como educação pública e gratuita, salários e condições dignas de trabalho, não podem ser separados das condições gerais de funcionamento da sociedade. Então, contribuir para a construção de uma sociedade mais justa tem influência direta nas nossas reivindicações.

JAD - E o que o Andes-SN defendeu aqui e vai defender nesta nova central, no processo de reorganização da classe trabalhadora?
FM – Uma organização que seja democrática, construída a partir da base, que reflita as posições das diversas categorias e que se consolidem em propostas concretas de luta que façam melhorar a condição dos trabalhadores em geral.

JAD – Qual a avaliação que o senhor faz dessa primeira reunião da nova central?
FM – A reunião foi produtiva, mas, por outro lado, sobraram questões complexas de luta e de organização para a Secretaria Executiva Nacional, a Coordenação Nacional e o próximo Congresso (instâncias da nova central). Não se trata de uma simples substituição de um organismo pelo outro, na medida em que era uma entidade sindical (no caso, a Conlutas) e agora envolve movimentos sindicais e populares. Outra questão importante é que será feito um esforço de repactuação das forças que deixaram o Conclat, sempre respeitando a estrutura de discussão a partir da base.

JAD – E por que os representantes do Andes-SN nesta reunião se abstiveram na votação do nome da central?
FM – Não é que não houvesse posição. A diretoria, majoritariamente, teria uma preferência. A questão é que, quando terminou o Conclat de Santos, o material de discussão do Conad (Conselho de Seções Sindicais do Andes-SN, realizado em Fortaleza, entre os dias 24 e 27 de junho) já estava inteiramente distribuído. Várias assembleias já haviam eleito seus delegados. Seria artificial, dada a prática que defendemos, tomar uma decisão de diretoria que não tivesse passado por esta instância plenária nacional do Sindicato, embasada em discussão das assembleias de base.

JAD – Durante essa reunião no Rio de Janeiro, alguns avaliaram que a reorganização da classe trabalhadora saiu perdendo de 1 a 0 do Conclat, com a retirada de alguns setores do Congresso; outros afirmaram que aquele evento representou uma vitória por goleada. Qual a avaliação que o senhor faz desse processo?
FM - Estamos num processo de construção complexo e será importante se formos bem-sucedidos. Há problemas para resolver, naturais em uma construção deste tipo, de organização e unidade na luta. Não considero bem como um jogo; este é um projeto de trabalho. Não estamos ganhando, nem perdendo, estamos fazendo o que precisa ser feito.