Opiniões e Debates

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Foram apenas promessas vãs

Carlos Zacarias de Sena Junior*

Enquanto se comemoravam os 20 anos da queda do Muro de Berlim, um fato dividiu as atenções da mídia, reforçando a ideia de que se a história segue o seu curso, não ofaz sempre no sentido dop rogresso.Refirome à expulsão da estudante Geisy Arruda, daUniban(SP). Após duas décadas da queda do famigerado muro e cerca de 40 anos depois de Woodstocke da simbólica Queimados Sutiãs, há que se acusar como não-cumpridas as promessas de emancipação feminina e de acesso ao reino da liberdade nos marcos de um sistema desigual como o capitalismo.

É verdade que os 20 anos da queda do muro devem ser celebrados, mas não pelos motivos divulgados pela grande imprensa.A mídia televisiva insistiu ad nauseam que o muro erguido em 1961 serviu para impedir os alemães orientais de “fugirem” para o lado ocidental.

Ora, qualquer pessoa razoavelmente informada já ouviu falar em Guerra Fria, embora talvez desconheça o mundo que saiu do conflito mundial em 1945 e o discurso de Churchill em Fulton, nos Estados Unidos, quando ex-premier britânico se referiu à “cortina de ferro” descida sobre o Leste Europeu, inaugurando um período de hostilidades em que o mundo esteve à beira de uma guerra atômica.

Como o fim de um dos maiores símbolos do império das burocracias que solaparam as conquistas revolucionárias produzidas em 1917 na Rússia, os 20 anos da queda do muro devem ser comemorados. Mas a chegada ao reino da liberdade permaneceu distante da humanidade. Tantoque o episódioda Uniban está aí para refletirmos sobre a conservação de atitudes e comportamentos que remontam ao tempo das cavernas, mas que foram reforçados pelo capitalismo.

Assim, enquanto parte da humanidade entoa cânticos à liberdade conquistada com o acesso ao reino do consumismo, permanece sem se dar conta de que as imensas tarefas de sua libertação ainda permanecem incompletas.

Que o digam as mulheres constrangidas após o elogio da selvageria promovida pela Uniban. Que o diga a parte faminta da humanidade para quem as promessas de liberdade não vieram combinadas com as condições mínimas necessárias à sua sobrevivência.

 *Doutor em História, professor da Uneb e ex diretor da ADUNEB
 
Publicado na seção de Opinião do Jornal A Tarde