Aduneb-Mail

ADUNEB-Mail 2017 – Edição 714 (25/08/17)

 Fórum das ADs reúne com arquidiocese de Salvador para cobrar diálogo com o governador Rui Costa 
 
O Fórum das Associações Docentes (ADs) participou, na tarde da terça-feira (22), de uma reunião com o Arcebispo Dom Murilo Krieger. Na ocasião, o Fórum reivindicou posicionamento da Igreja Católica sobre o cenário de não garantia dos direitos trabalhistas e crise orçamentária das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba). Os docentes também solicitaram o intermédio da instituição para abertura de diálogo com o governador Rui Costa. O representante da Arquidiocese de São Salvador da Bahia reconheceu a importância da causa do Movimento Docente (MD) e firmou o compromisso de fazer contato com o Governo do Estado.
 
Durante o espaço, os professores apresentaram como os cortes orçamentários e perdas salariais impactam no desenvolvimento das universidades e na sociedade baiana de conjunto. Há dois anos o governo não realiza reajuste nos salários dos servidores públicos e as perdas inflacionárias acumuladas são de quase 20% ao longo do período. Somado a isso, entre 2013 e 2016, o ensino superior baiano sofreu mais de R$ 73 milhões de perdas reais nas verbas de custeio, investimento e manutenção.
 
“As universidades estaduais estão inseridas em várias cidades e cumprem um papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas com estudos para as realidades específicas desses lugares. Cortar o orçamento e piorar as condições de trabalho dos professores impacta diretamente no ensino, pesquisa e extensão. Ou seja, quando o governo ataca as universidades, em última instância, está atacando também a população baiana”, explicou Milton Pinheiro, coordenador do Fórum das ADs.
 
Os docentes denunciaram a postura de descaso do governo diante do empenho do Fórum em abrir diálogo e negociação. A pauta 2017 foi protocolada nas instâncias governamentais desde o dia 19 de dezembro de 2016. De dezembro até então, os representantes do governador compareceram às reuniões ocorridas sem respostas concretas e não abriram nenhuma negociação com o movimento. 
 
Mesmo diante da falta de compromisso dos gestores públicos, a categoria segue firme e disposta à luta. A audiência solicitada com a Arquidiocese de São Salvador da Bahia, foi uma das iniciativas para intensificar a luta do MD. Além dessas, outras ações estão apontadas com um calendário de mobilizações para o mês de setembro.  
 
Atualmente os docentes aprovaram indicativo de greve nas assembleias de duas universidades – Uesb e Uesc. Na Uneb e Uefs assembleias estão previstas para agosto e setembro com essa e outras iniciativas de mobilização na pauta. Entre elas, uma paralisação estadual indicada para o dia 27 de outubro já aprovada em assembleia da Uneb.
 
O MD exige solução para questões urgentes como, 30% de recomposição salarial, ampliação do quadro de vagas e aumento de 7% da Receita Líquida de Impostos (R.L.I.) para o orçamento das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba). Confira aqui a pauta completa. 
 

Docentes explicam os problemas das universidades
 
Texto e foto: Ascom Fórum das ADs
 
 
Campanha de Filiação: Guanambi faz oito novas adesões
 
A nova campanha de filiação da ADUNEB “Um mais um é sempre mais que dois” (leia mais) continua a repercutir e dar resultados. Na quinta-feira (17) na semana passada, a representante do sindicato do Campus de Guanambi, professora Dinalva Macedo, esteve na sede da ADUNEB, em Salvador, e trouxe mais oito fichas de filiação de docentes.
 
De acordo com Dinalva, sete novas adesões são do próprio campus XII e uma da unidade da Lapa, que estava de passagem por Guanambi e aproveitou a oportunidade. Todas as filiações foram pelo reconhecimento da ADUNEB enquanto entidade legítima em defesa da categoria docente.
 
Na semana anterior, como já divulgado pelo sindicato, apenas no período de 07 a 11 de agosto, a sede da ADUNEB recebeu mais 14 filiações (leia mais). 
 
A campanha de filiação continuará forte nas próximas semanas. A diretoria do sindicato solicita que os docentes filiados convidem seus colegas de departamento e conhecerem o trabalho da ADUNEB e também realizarem a adesão. A filiação dá direito à assessoria jurídica a todas as questões trabalhistas relacionados ao âmbito da Uneb.
 
Para preencher a ficha, os professores interessados podem procurar os representantes locais ou acessar aqui o site do sindicato. 
 
 
 
Luta contra opressões e exploração das minorias foi tema de debate na ADUNEB

Com o auditório do sindicato lotado, nesta terça-feira (22), aconteceu a última etapa da I Jornada de Formação Política da ADUNEB. Com o tema “A questão das opressões no capitalismo contemporâneo” a atividade teve como expositora a professora da Unifesp, Renata Gonçalves. A debatedora foi a diretora do sindicato, Ediane Lopes.
 
Para explanar sobre as opressões no capitalismo atual, Renata Gonçalves iniciou a análise trazendo à tona a fundamental participação das mulheres no processo revolucionário russo, de 1917.  Ela apresentou um panorama sobre as condições de opressão sofridas pelo sexo feminino no início do século 20, na Rússia, e estabeleceu um paralelo com as mesmas condições da sociedade machista brasileira, do mesmo período. 
 
As reflexões da professora Renata, doutora em Ciências Sociais, foram baseadas em seu artigo “Páginas feministas de Outubro” (leia aqui), publicado pela Revista Ponto e Vírgula. De acordo com a pesquisadora, na Rússia do início do século XX, a opressão machista era tanta que os homens tinham o direito sobre a vida e a morte das mulheres. Um país extremamente agrário, em que 80% da população era analfabeta, sendo que dessa porcentagem, a grande maioria era formada pelo sexo feminino. Assim, sem direito a ocupar espaços em organizações política. A sociedade da época aceitava com naturalidade a condição de subalternidade da mulher, imposta pelos homens.
 
A alteração desse cenário se deu a partir da I Guerra Mundial, em 1914. Com os homens obrigados a engrossarem as colunas militares na guerra, os postos de trabalhos ficaram ociosos e as produções caíram. A solução foi fazer com que as mulheres ocupassem maciçamente os postos das esferas produtivas.
 
A superexploração do trabalho feminino, que tinha que conciliar jornadas extenuantes e também o trabalho doméstico, fez com que em 23 de fevereiro de 1917, fosse deflagrada um movimento de revolta das mulheres, principalmente, das que atuavam no segmento têxtil. As reivindicações eram sobretudo por pão, paz e liberdade.
 

Diretoras da ADUNEB, Zózina Almeida e Ediane Lopes, e a palestrante Renata Gonçalves
 
Cisão histórica
 
As manifestações causaram profundo impacto nos processos de poder na Rússia. Duas teses passaram a ser debatidas. A primeira, com menor influência, passou a defender a participação feminina nos espaços e organizações políticas. Para esse grupo, não seria possível a transformação da sociedade sem o combate às relações de opressão às mulheres, aos negros e outras minorias. Já a segunda, que possuía maior número de adeptos, questionava a participação feminina e defendia o argumento que tal situação seria um atraso histórico, pois se perderia muito tempo na formação política de quadros do sexo oposto.
 
Para Renata Gonçalves, o debate abriu um fosso na história que, guardadas as devidas proporções, se refletiram em outros períodos revolucionários pelo mundo. Assim, por exemplo, ocorreu nos processos revolucionários na Nicarágua e em El Salvador, na década de 1980. Em períodos históricos como esses, graças as conquistas feministas, até as possibilitaram pegar em armas, mas o papel central era de prover a alimentação e cuidado com os homens.
 
Brasil e atualidade
 
Os mesmos processos que subjugam as mulheres, como dissertava a feminista Simone de Beauvoir, a ser um segundo sexo, também impactaram o Brasil. O voto feminino foi permitido apenas em 1932. Mas o avanço, na prática, quase não tinha efeito, pois o voto era aceito apenas às alfabetizadas, o que continuava a deixar de fora do processo a maioria das brasileiras daquele período.
 
A mesma questão permanece até hoje no mercado de trabalho, em que mulheres possuem menor chance de ascensão nas empresas; com os homens recebendo salários melhores que o sexo feminino, em cargos iguais. Pior ainda acontece com o público LGBT, onde são obrigados a aceitar os postos mais precários de trabalho, a exemplo dos serviços em call center.
 
Luta conjunta
 
De acordo com a professora Renata, para melhor se reproduzir o capitalismo se apropria das contradições sociais, sobretudo nas relações de gênero, classe e raça. Para aumentar a exploração e o acúmulo de capital, se apoia em dinâmicas sexistas, racistas, homofóbicas etc. A exploração da força de trabalho é sempre mais intensa em grupos historicamente já oprimidos. Daí, reforça Renata, está dada a necessidade de se compreender que o combate ao sistema capitalista e o rompimento com a sociedade de classes só se efetivará por meio da luta conjunta contra o machismo, o preconceito racial, LGBT e outras minorias. ”É preciso pensar em ações conjuntas, que levem em consideração todas as ramificações das desigualdades sociais e das opressões. Não são lutas específicas, são todas dentro de um mesmo processo”, afirma a docente da Unifesp.
 
Na esquerda
 
Na percepção de Renata Gonçalves, o debate sobre qual o papel da mulher nas organizações de esquerda, iniciado na Revolução Russa, continua a existir. Para a pesquisadora, o combate ao capital, que leva em consideração questões de gênero, raça e classe, precisam ser melhor debatidas e compreendidas no interior dos sindicatos e das demais organizações políticas de esquerda. Em muitos casos o que se percebe é que em reivindicações de cunho feminista há a ausência de envolvimento dos companheiros. “A luta por creche por exemplo, dá a impressão de ser uma luta apenas das mulheres”, destaca a professora. O fato evidencia a predominância histórica do machista e o quanto ainda será preciso caminhar, mesmo nas trincheiras da esquerda, na construção de uma sociedade realmente igualitária e sem classes sociais.
 

Público atento ao debate sobre opressões no capitalismo contemporâneo
 
 
Cartilhas do ANDES-SN contra opressões e reforma do ensino médio serão lançadas no Ifba, em Salvador
 
A ADUNEB convida toda a comunidade acadêmica da Uneb e demais interessados a participar, no Ifba – Barbalho, do lançamento de duas cartilhas produzidas pelo ANDES-SN. A primeira é a 2ª edição da Cartilha contra Opressões. A segunda cartilha é sobre a contrarreforma do ensino médio. O evento gratuito será nesta terça-feira (29), às 8h, no auditório 1 do Ifba, em Salvador, e contará com a presença na mesa da diretora da ADUNEB e do Sindicato Nacional, Caroline Lima. A realização é da Frente Baiana Escola sem Mordaça e da Regional Nordeste III – ANDES-SN.
 
A Cartilha contra Opressões (leia aqui) aborda questões relacionadas à luta contra o preconceito de gênero, sexualidade e étnico-raciais. O material foi uma idealização da ADUNEB, aprovado no 60º Conad, em 2015, e produzido pelo Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS).
 
Já a segunda cartilha, que aborda a contrarreforma do ensino médio (leia aqui), alerta para o caráter excludente, pragmático e imediatista da Lei 13.415/17. A publicação foi organizada pelo Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) e lançado no 62° Conad, que aconteceu este ano em Niterói.

                                                                                                                                       Arte: Comissão organizadora
 
 
Alteração no atendimento jurídico
 
A diretoria da ADUNEB informa que o atendimento jurídico, oferecido pelo sindicato aos professores associados, será alterado a partir desta sexta-feira, 25 de agosto. O novo horário será as quartas-feiras, das 14h às 18h; e as sextas-feiras, das 9h às 13h. A assessoria jurídica presta orientação e acompanhamento aos casos trabalhistas ocorridos no âmbito da Uneb.
 
Mais informações: 71 3257-9333 / aduneb@aduneb.com.br 
 
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